Cientistas criam modelo para prever quando incêndio se torna mortal

Sandro Azevedo | 3850 Visualizações | 2021-07-24T20:08:16-03:00
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Em meio a um incêndio, existe um momento-chave em que as chamas deixam de ser perigosas e passam a ser mortais. Um dos atributos desse fenômeno é o flashover, ou seja, quando os materiais atingidos pelo fogo se inflamam simultaneamente e o incêndio, antes progressivo, se torna generalizado. Essa transição, rápida, é responsável pela morte de muitas pessoas, inclusive bombeiros, envolvidos nas tarefas de combate e resgate.

Para identificar essa virada tão importante – e estratégica – cientistas do National Institute of Standards and Technology (NIST), nos Estados Unidos, apostam na inteligência artificial (IA). Para tanto, desenvolveram uma ferramenta, de nome P-flash, que tem se mostrado bastante eficiente. Previu corretamente, e um minuto antes do flashover, em 86% dos casos simulados.

Os sinais precedidos pelo flashover podem ser percebidos pelo olho humano, mas quando a visibilidade do local é comprometida pela fumaça, tal capacidade se perde. Ao mesmo tempo, embora já existam modelos de computador que preveem o fenômeno com base na temperatura do ambiente, eles dependem de fluxos constantes de dados, condição obtida em um laboratório, mas nem sempre durante um incêndio.

O P-Flash, por outro lado, foi projetado para considerar dados de temperatura dos detectores de calor instalados em edifícios mesmo depois que eles começam a falhar. Para preencher a lacuna criada pela perda de dados, os pesquisadores utilizaram a IA e o aprendizado de máquina. Com esses recursos, os algoritmos conseguem destrinchar padrões em grandes conjuntos de dados e criar modelos com base nessas descobertas.

“Você perde os dados, mas tem a tendência de até onde o detector de calor falha – além de outros detectores. Com o aprendizado de máquina, é possível usar esses dados como um ponto de partida para extrapolar se o flashover está começando a acontecer ou já aconteceu”, explica Thomas Cleary, engenheiro químico do NIST, como aponta o Correio Braziliense.

Ainda há espaço para melhorias. Em testes reais de incêndio, o P-Flash teve um bom desempenho quando eles começavam em áreas mais abertas, como a cozinha ou a sala de estar. Quando o início do fogo se dava em um quarto a portas fechadas, porém, o modelo quase nunca sabia quando o flashover era iminente. A falha é atribuída ao efeito de fechamento, quando o calor, pela pouca capacidade de se dissipar, provoca um aumento muito rápido de temperatura

A próxima tarefa do grupo, portanto, é representar o efeito de fechamento nas simulações. Vencido esse obstáculo, eles imaginam que o sistema poderá ser incorporado a dispositivos portáteis capazes de se comunicar, através da nuvem, com os detectores instalados em edifícios. Assim, os bombeiros não só seriam capazes de dizer aos colegas quando é hora de escapar, como também saberiam quais os pontos de perigo no prédio antes de entrarem nele.

Fonte: Revista Incêndio

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