Uso de máscaras diminui vírus no ambiente e pode frear 2ª onda de contaminação por coronavírus no Brasil
Editor: Sandro Azevedo
Postagem: 2020-04-03T10:13:16-03:00
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O uso de máscaras diminui a presença do novo coronavírus (Sars-CoV-2) no ambiente, e pode frear uma possível segunda onda de casos de Covid-19 no Brasil, de acordo com a médica cardiologista Jaqueline Scholz, que tem 33 anos de carreira e já vivenciou outras crises da saúde, como os surtos de meningite e as pandemias de H1N1 e Aids.

"A principal medida para evitar a propagação do vírus é o isolamento social. A recomendação para todos usarem máscaras é para quando houver a transição do isolamento social para o isolamento vertical [quando ficam em quarentena apenas os grupos de risco]", afirma Scholz. "O uso de máscara é imperioso para evitar uma segunda onda de contaminação", alerta.

Na última quarta-feira (01/04), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, afirmou que as máscaras de proteção podem servir como barreira eficiente para a população em geral contra o coronavírus. A sugestão do ministro é o uso de máscaras alternativas, preservando as cirúrgicas e as N95 para os profissionais de saúde.

Mas, por que toda a população deveria usar máscaras para evitar a propagação do coronavírus?

De acordo com Scholz, isso ocorre porque o número de pessoas que estão infectadas e não apresentam sintomas está aumentando com o avanço da pandemia.

De acordo com uma pesquisa que envolveu cientistas do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) e do Instituto Nacional de Saúde americano, o novo coronavírus pode permanecer por até três horas suspenso nos aerossóis, partículas microscópicas suspensas no ar.

Publicado na revista The New England Journal of Medicine, o estudo americano sugere que a contaminação pela Covid-19 também pode ocorrer pelo ar, e não somente depois de tocar superfícies contaminadas.

Medida no tempo certo

Segundo Scholz, a recomendação inicial do Ministério da Saúde de evitar o uso de máscaras não foi um erro do governo. "O Brasil está no 'timing' certo, a pandemia está em curso. Agora, viram que a questão tem que ser reconsiderada", afirma.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) segue com a orientação de que o uso de máscaras deve ser feito apenas por quem está com sintomas ou está cuidando de doentes – a ideia é que não falte material de proteção para profissionais de saúde.

No entanto, Scholz reforça que a máscara é eficiente para criar uma barreira mecânica e evitar a contaminação do ambiente com o vírus, já que ele sobrevive em superfícies por 3 a 20 dias, de acordo com a temperatura ambiente ou o tipo de material da superfície onde o vírus se deposita.

Ela cita um estudo feito em 2010 com um outro vírus da família coronavírus. Nele, há indicação de que em temperaturas médias de 4ºC, o vírus sobrevive 28 dias na superfície; na média de 20ºC, sobrevive 7 dias; na média de 40ºC, fica quatro horas no ar.

Evidências científicas provenientes da análise de como o vírus se espalhou na China, o país onde a pandemia surgiu, aponta que duas em cada três infecções do novo coronavírus foram causadas por pessoas que não apresentavam sintomas ou não foram diagnosticadas com a doença.

Como usar a máscara?

Scholz recomenda que a máscara é um item a mais de proteção, a rotina de higienização das mãos com água e sabão ou álcool em gel deve ser mantida. Ela afirma que o indicado é usar máscara cirúrgica.

A "vida útil" da máscara cirúrgica é de duas horas, após este período, a umidade da respiração passa para o material da máscara e compromete a barreira de proteção. Ela poderá ser usada de novo, desde que higienizada corretamente. Scholz recomenda que a máscara seja submetida a máquinas que emitem vapor ou ao vapor do bico de uma chaleira de água fervente por 10 minutos.