Quando se executa qualquer tipo de trabalho em altura, seja em telhados, plataformas ou coberturas, o risco de queda do operador é eminente e imprevisível. Dispondo sua atenção na atividade em andamento, o operador estará sujeito a uma série de fatores de risco, como as condições climáticas e a integridade do local onde ocorrerá a atividade.
Qualquer deslize cometido poderá resultar na queda do operador e sua projeção ao solo, resultando algumas vezes, em acidentes fatais. Não fosse pelas salvadoras Linhas de Vida.
Elas são responsáveis pela saúde e segurança dos bravos que executam trabalhos em altura, e sua correta utilização deve ser complementada com treinamentos e capacitações que habilitem e qualifiquem o operador. Dispositivos de proteção contra quedas, como as Linhas de Vida, são legalmente previstos nas Normas Regulamentadoras NR nº 18 (Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção) e NR nº 35 (Trabalho em Altura).
De acordo com o item 1.2 da NR nº 35, “Considera-se trabalho em altura toda atividade executada acima de 2,00 m (dois metros) do nível inferior, onde haja risco de queda”. Aqui se aplica a famosa sentença “males que vêm para o bem”, onde as atividades dos operadores ocorrem em slow motion e os técnicos de segurança ficam de cabelo em pé, tamanha a gama de responsabilidades, documentos e equipamentos de proteção que englobam as atividades, como EPI´s (equipamento de proteção individuais) e EPC´s (equipamentos de proteção coletiva). Porém, são garantias necessárias para que todos cumpram seu dever, de exercer a profissão e retornar ao lar e a família sãos e salvos.
No Brasil, o setor da construção civil é o recordista em número de acidentes de trabalho envolvendo queda de altura. O Instituto Nacional de Seguro Social (INSS), revelou que, somente no ano de 2017 foram registrados em torno de 350mil acidentes de trabalho no setor da construção civil, dos quais, 35mil envolvendo queda de altura.
O elevado índice se deve em parte pela informalidade do trabalho e por negligência das pessoas que o executam, usualmente com o pensamento de que nunca irá lhes ocorrer tal tragédia, quando na verdade, todos estão sujeitos aos fatores de risco que englobam as atividades do trabalho em altura.
As Linhas de Vida são equipamentos instalados em coberturas, plataformas e telhados; em prédios, galpões ou estruturas, onde há a necessidade de se executar trabalhos em altura, de maneira segura e consciente. Usualmente são constituídas de cabos de aço, cordas ou fitas, fixos em pontos estruturais, onde o operador estará “clipado” com auxílio de cinto de segurança tipo paraquedista e talabarte. No momento da queda, o conjunto do cinto e talabarte, preso à Linha de Vida, impede que o operador sofra livre queda em direção ao solo, mantendo-o suspenso em distância segura até o momento do resgate pela brigada de socorro.
Não se pode desconsiderar que telhados e coberturas são estruturas geralmente leves e não foram concebidas para execução de trabalhos em altura, sendo que em alguns casos, se utilizam juntamente com as linhas de vida, pranchões de madeira para que os operadores possam circular sobre as telhas.
Linhas de Vida para Telhados podem ser instaladas de duas formas distintas. A primeira delas ocorre com auxílio de colunas ou pontaletes metálicos, fixos ou ancorados à estrutura da cobertura, e que recebem os cabos de aço ou fitas que compõe a Linhas de Vida que sustentará o operador no caso de uma eminente queda.
Já nas coberturas que contam com telhas do modelo zipadas, a instalação das Linhas de Vida ocorre através da fixação do dispositivo metálico aranhas de ancoragem, cuja disposição não necessita que se perfure as telhas da cobertura e, como nos pontaletes, recebem os cabos de aço ou fitas que compõe o sistema de segurança.
A NBR 16325 (Proteção contra quedas de altura – Parte 1: Dispositivos de ancoragem tipos A, B e D) e a NBR 14626 (Equipamento de proteção individual contra queda de altura – Trava-queda deslizante guiado em linha flexível) emitidas pela ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), definem os equipamentos, suas características técnicas e como devem ser instalados para a perfeita segurança do trabalhador.
Você sabia que, numa eventual queda de uma altura de 5 metros, sem dispositivos de segurança, um corpo levaria apenas 1 segundo para atingir o solo? E que ele atingiria o solo a velocidade aproximada de 36km/h? E, se este corpo tivesse massa de 75kg, atingiria o solo com 382,3kgf (quilograma força) de impacto? Ao executar trabalhos em altura, proteja-se! Use sempre dispositivos de segurança desenvolvidos por profissionais capacitados e qualificados.
De acordo com as recomendações das normas regulamentadoras, as estruturas que apresentarem quatro pavimentos ou altura igual ou superior a doze metros, devem possuir acessórios destinados à ancoragem de equipamentos de proteção.
O que é ancoragem?
Consiste no formato de fixação de acessórios destinados a sustentação e estabilização. A fixação é realizada pelos pontos de ancoragem. São estruturas que, uma vez alicerçadas na superfície de um edifício, suportam elevados volumes de carga. Os mesmos são amplamente utilizados, tanto na construção civil como em setores industriais, para o suporte de equipamentos de proteção coletiva e individual.
Quais são esses equipamentos?
Linhas de vida – São sistemas de cordas e cabos sustentados pelos pontos de ancoragem. Devido à resistência desses sistemas, os mesmos permitem a sustentação simultânea de uma quantidade determinada de equipamentos de proteção individual.
Escada marinheiro – Pela sua estrutura simples e compacta, são instalados em áreas com uma altura ou profundidade a partir de seis metros. A mesma é alicerçada sobre as paredes da edificação, de forma independente, a cada três metros pelos pontos de ancoragem.
Cada edificação ou estrutura possuem suas devidas características específicas, por conta disso, devemos adotar algumas medidas para certificar o modelo de fixação dos pontos de ancoragem e os materiais apropriados.
A análise e o teste de resistividade dos pontos de ancoragem indica o método adequado para cada projeto.
Qual a importância do teste de resistividade dos pontos de ancoragem?
Por serem a base da fixação dos sistemas de proteção, é imprescindível a realização do teste de resistividade dos pontos de ancoragem para a instalação correta.
Para assegurar a proteção, os pontos de ancoragem devem ser constituídos de materiais resistentes e que não provoquem desgaste nos cabos como, por exemplo, o aço inoxidável. O teste de resistividade dos pontos de ancoragem certifica o estado dos componentes utilizados no projeto.
Sendo o teste de resistividade dos pontos de ancoragem uma recomendação dos órgãos fiscalizadores, pois permite o alicerçamento seguro dos pontos de fixação. Logo, esse teste não somente garante que as estruturas estejam de acordo com as normas, como também protege a integridade dos colaboradores.