Técnico de Segurança do Trabalho: Sua Força é a Sua Representatividade
Editor: Sandro Azevedo
Postagem: 2021-07-25T13:01:25-03:00
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Estamos mergulhados em um clima de completa instabilidade, onde a fé dos trabalhadores parece combalir-se. A descrença acaba prejudicando os investimentos, e as janelas de oportunidades (de trabalho, de crescimento, etc.) acabam declinando-se, consumindo a esperança das classes trabalhadoras, que resistem perplexas à uma das maiores crises político-institucionais da história do País. Todavia, para sairmos desta sintonia, talvez precisemos apenas descruzar os nossos braços e nos mobilizarmos para a propulsão de ações coletivas.

Opor sobre os próprios ombros o fardo e o compromisso de bem representar uma categoria profissional, não parece ser tarefa muito fácil diante deste cenário de total fragilidade, assim, podemos afirmar, que trata-se de uma escolha que somente os abnegados conseguem.

Não é algo para aqueles que acreditam que carreira e valorização profissional dependem tão somente de currículos, diplomas e certificados.

O desemprego alcança dados alarmantes, atingindo hoje 15 milhões de pessoas. Outros 6 milhões encontram-se completamente desacreditados. A informalidade é recorde internacional. Dados apontam que, exatamente, frente aos reflexos da atual pandemia, estamos com mais de 100 milhões de pessoas vivendo na pobreza e extrema pobreza. Quem realmente está preocupado com isso?

A reforma trabalhista (Lei 13.467, de 2017) abriu as portas para a “ignorância”, a precarização do trabalho. A chamada terceirização irrestrita veio facilitar a chamada “uberização”, que apesar de ter sido popularizada como uma nova forma de controle, gerenciamento e organização do trabalho, não passa de uma inescrupulosa relação empregatícia, que negligencia o seu próprio vínculo, portanto, sem nenhum direito a ser assegurado.

O trabalho intermitente é um crime. O trabalhador subalterno, aguarda ser chamado pelo empregador para receber somente as suas horas trabalhadas. Uma “Insana esperteza dos monopolistas”, onde o trabalhador não tem garantia sequer de uma renda mínima ou jornada, muito menos lhe são resguardados os quesitos reguladores para a sua saúde e a sua segurança. Se não receber ao menos um salário mínimo, ainda tem que complementar a contribuição previdenciária, sob pena de não contar tempo para a aposentadoria, e se vier a sofrer um acidente impactante no exercício de sua atividade, não terá mais como garantir o seu sustento.

Na intenção de enfraquecer a representação sindical, que na espinha dorsal das organizações econômicas do país, sempre foi considerada a matriz mobilizadora da classe trabalhadora, a reforma trabalhista decide suspender a sua contribuição sindical e assistencial. Será que todos os trabalhadores brasileiros já se questionaram o porquê desta “decisão”?

Podemos aproveitar o gancho para citar uma recente declaração do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden: “Os sindicatos colocaram poder nas mãos dos trabalhadores. Eles nivelam o jogo. Eles te dão uma voz mais forte. Por sua saúde, segurança, salários melhores, proteções contra a discriminação racial e assédio sexual”. Os sindicatos no Brasil sempre foram fortes, com amplo poder de mobilização e negociação, e isso precisa ser mantido. Precisamos resistir enquanto categoria, enquanto força de trabalho, para que a nossa omissão não acabe nos facultando a perda definitiva desta importante estrutura.

O que isso tem a ver com o Técnico de Segurança do Trabalho? Tudo e mais um pouco!

Não somos mais uma classe trabalhadora em busca dos seus direitos, somos uma categoria diferenciada com lei própria. A Lei 7.410 de 27 de novembro de 1985, que regulamenta o exercício da nossa profissão; Temos uma Classificação Brasileira de Ocupação, sob n º 3516-15, classificação numerativa e descritiva de atividades econômicas e profissionais determinada pela Comissão Nacional de Classificação para o uso de órgãos governamentais; Nossas atribuições estão diretamente associadas à garantia da saúde e a segurança dos trabalhadores brasileiros, devidamente arbitradas pelas Normas Regulamentadoras (Fortes e determinantes em seu papel regulamentador, porém “flexibilizadas” para atender interesses outros), e é por esse motivo, que devemos nos valorizar, para que também sejamos valorizados.  Como trabalhadores que somos, precisamos dos sindicatos, assim como eles também precisam de nós! Façamos uma reflexão enquanto há tempo, e talvez ainda tenhamos a chance de garantir integridade para a nossa profissão!

 

Sandro de Menezes Azevedo

Presidente/ASPROTEST

Segundo Secretário Geral/FENATEST

Idealizador/SAFENATION BRASIL