Os acidentes de trabalho possuem múltiplas causalidades, e por esse motivo, carecem de uma análise sistemática, essencialmente preventiva. Infelizmente, devemos considerar que a grande maioria das organizações brasileiras, ainda não se deram conta de que para se obter um ambiente laboral saudável e seguro, faz-se imprescindível um controle efetivo de todos os exponenciais de perda.
Precisamos constituir uma visão holística, capaz de considerar que os mesmos fatores que geram perdas materiais e de processos, também provocam acidentes e desastres ambientais, muitas vezes, facultando consequências aterradoras. Através deste raciocínio, nos parece não mais que oportuno, pensarmos na criação de um sistema integrado de gestão de perdas, capaz de garantir eficiência na identificação das diversas variáveis de um processo, como na otimização dos seus resultados.
Há mais de 80 anos, os americanos H. W. Heinrich e Frank Bird Jr, introduziram o conceito de controle de perdas. Onde surgiu um programa de controle de perdas, que passava por quatro fatores básicos: Registro, Investigação, Análise e Revisão do Processo. Atualizando as ideias e estudos de Heinrich e Bird, podemos considerar que os acidentes apresentam três causas: Causas Imediatas, causas básicas e falta de controle.
As causas imediatas são as que identificamos primeiramente, quando da ocorrência de um acidente. São condições e atos, que erradamente ficaram conhecidos como inseguros, mas que na visão moderna, são tratados como atos ou condições abaixo dos padrões pretendidos. As causas básicas, são os fatores característicos da personalidade do individuo, tais como os fisiológicos e os do ambiente. Já a falta de controle, é expressa por programas, padrões e cumprimentos de padrões inadequados.
É na falta de controle que se explica a sequência acidentária e as perdas de uma organização. Não existir um padrão, existir de forma inadequada, ou ainda, não haver supervisão quanto ao cumprimento deste, tem vitimado uma série de trabalhadores em nosso país. A padronização, nada mais é que, a oficialização de um procedimento previamente analisado em sua íntegra, e naturalmente, em suas condicionantes, portanto, tende a ser preventiva para qualquer tipo de perda, seja ela material, de processo, ambiental ou humana.
Desta forma, as organizações que possuem executivos de visão míope, não conseguem enxergar a necessidade de se implantar uma sistemática holística para a gestão de segurança e saúde dos trabalhadores, pois não conseguem conceber que as causas que geram perdas de processo, e de má qualidade de produtos e serviços, são as mesmas que causam acidentes.
O controle total de perdas deve ser sistêmico e não pontual. Contratar ou manter um profissional de segurança, técnico ou engenheiro, e colocá-lo no “fogo”, é apenas permitir que o mesmo “queime” junto à “combustão” do próprio processo. A responsabilidade pela prevenção de perdas, é um dever de todos. Todos os níveis ou funções da empresa, carecem definir de fato quais as suas responsabilidades no sistema. Portanto, enquanto permanecermos imaginando que segurança é coisa de especialista, e os nossos padrões não envolverem os diversos aspectos ou as causas das nossas perdas, não chegaremos a um controle efetivo nesses processos, e consequentemente, não obteremos uma gestão empresarial de segurança verdadeiramente efetiva.
Por: Sandro de Menezes Azevedo
Presidente/ASPROTEST
Diretor de Assuntos Jurídicos e de Eventos/SINTEST-SE
Segundo Secretário Geral/FENATEST