Ruí­do: Inimigo Oculto na Saúde das Pessoas
Editor: Sandro Azevedo
Postagem: 2018-12-14T06:38:50-03:00
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Nos dias atuais enfrentamos um sério problema ambiental que afeta milhões de pessoas e cujo inimigo é oculto: o ruído. É considerado um grave problema de saúde pública e que vem aumentando a cada dia, principalmente nas grandes cidades, devido ao crescimento populacional, ao aumento do número de indústrias, comércio, tráfego de veículos, transporte, etc.

O ruído pode ser entendido como um som ou complexo de sons, capaz de causar uma sensação indesejável e desagradável de desconforto, afetando física e psicologicamente o ser humano. Entretanto, existe uma subjetividade na percepção do som, pois, o que pode ser considerado como ruído para uma pessoa, pode não ser para outra, dependendo do estado de espírito e subjetividade de cada indivíduo.

Os efeitos negativos no organismo humano decorrentes da exposição ao ruído podem variar em cada indivíduo, onde muitas vezes, tais problemas ocorrem sem serem notados. Alguns dos efeitos mais frequentes do ruído são: interferência na comunicação das pessoas, perdas da concentração e de rendimento na execução das tarefas, interferência na aprendizagem, fadiga, estresse, distúrbios do sono, redução na capacidade auditiva, hipertensão, doenças cardiovasculares e lesões irreversíveis no aparelho auditivo.

Além dos problemas no cotidiano das pessoas, existe atualmente, uma grande preocupação com relação aos ruídos presentes nos ambientes de trabalho, pois muitas máquinas emitem ruídos acima dos limites toleráveis pelos trabalhadores. A exposição continuada em níveis elevados pode acarretar na perda da audição, denominada de Perda Auditiva Induzida por Ruído (PAIR), que possui características irreversíveis, comprometendo a saúde e qualidade de vida dos trabalhadores.

Os riscos dos problemas auditivos causados pelo ruído são determinados pela intensidade, frequência e tempo de exposição, sendo a unidade de medida, o Decibel (dB). Esta é uma escala logarítmica, em que se considera a unidade (1 dB) como o valor correspondente ao som mais baixo que o ouvido humano consegue detectar. Por isso, 10 dB correspondem a um som 10 vezes mais intenso que 1 dB, 20 dB 100 vezes mais intenso, 30 dB 1000 vezes, e assim sucessivamente. Entretanto, é importante lembrar que o ouvido humano pode sofrer lesões a partir dos 85 dB, e que 120 dB corresponde ao limiar da dor.

A Norma Regulamentadora Nº 15 (Atividades e Operações Insalubres) do Ministério do Trabalho Emprego (MTE), Anexo 1, estabelece os limites de tolerância para ruído contínuo ou intermitente, com o instrumento de nível de pressão sonora operando no circuito de compensação “A” e circuito de resposta lenta (SLOW), devendo as leituras serem feitas próximas ao ouvido do trabalhador. A legislação estabelece que o nível máximo de pressão sonora permitido para uma exposição de oito horas diárias é de 85 dB(A). A cada aumento de 5 dB(A) no nível de ruído acima deste limite, o tempo de exposição deve ser reduzido pela metade ou as pessoas devem ser protegidas. Já a Organização Mundial de Saúde (OMS), recomenda que o nível de ruído recomendável para a audição seja de até 50 decibéis (dB) para o período diurno, enquanto no período noturno, os níveis sonoros devem situar-se entre 5 e 10 dB abaixo dos valores diurnos.

Para medição do ruído são usados medidores de nível de pressão sonora, conhecidos como decibelímetros e dosímetros, sendo que o primeiro instrumento mede o ruído instantâneo, enquanto o segundo mede a dose média diária de ruído que uma pessoa fica exposta durante determinado período de tempo, sendo o mais usual e recomendado para avaliações de ruído.

Portanto, para enfrentarmos este inimigo oculto, uma das principais recomendações é atuarmos no projeto de produtos de modo a minimizar ou eliminar a emissão do ruído, dentro do princípio da ergonomia de concepção. Porém, quando isso não for possível, devemos adotar a ergonomia de correção por meio de algumas medidas, tais como: confinamento de partes ruidosas das máquinas, realização de manutenção regular das máquinas, uso de isolamentos acústicos e reorganização do trabalho por meio da redução do tempo de exposição do trabalhador ao ruído. Outra medida curativa, porém que tem recebido muitas críticas por nem sempre se adequar às condições climáticas e antropométricas dos trabalhadores é a utilização de protetores auriculares. Por fim, uma medida importante a ser adotada é a capacitação por meio da ergonomia de conscientização, devendo as pessoas e trabalhadores estarem conscientes em relação aos riscos eminentes do ruído e de seus efeitos à saúde, o respeito às pessoas próximas na emissão de sons indesejáveis, e quando necessário, usar sempre os protetores auriculares, independente do tempo de exposição ao ruído.