Riscos Ocupacionais Presentes na Indústria Cimenteira
Editor: Sandro Azevedo
Postagem: 2019-05-23T16:12:35-03:00
  0 Avaliações
2810 Visualizações

A indústria cimenteira é uma das mais importantes para economia brasileira, e tem alta empregabilidade, além de estar diretamente ligada à construção civil. Existem muito riscos presentes na indústria cimenteira, desde acidentes de trabalho até riscos à saúde de quem está envolvido em todo o trabalho, como riscos físicos, ergonômicos, químicos e biológicos.

Na indústria do cimento existe um longo processo de fabricação, que passa por várias etapas, como por exemplo, a extração, a moagem, a produção do clínquer, armazenamento e ensacamento.

Os principais riscos presentes na indústria cimenteira são os físicos (ruídos) e os químicos (poeiras).

A indústria cimenteira é muito importante para economia e, por isso, deve-se dar muita atenção a cada processo produtivo e principalmente aos trabalhadores envolvidos, que estão expostos a todos os tipos de riscos, desde a fase inicial do processo produtivo do cimento até o ensacamento.

O trabalhador está exposto em praticamente todas as etapas ao ruído e a poeiras. Nesse caso, devem ser feitas avaliações quantitativas sempre que houver exposição do trabalhador ao ruído contínuo, ruído intermitente, ruído de impacto e poeiras minerais.

É muito importante ressaltar que, antes de realizarem as avaliações quantitativas, o empregador, junto com sua equipe de segurança do trabalho, deve adotar medidas suficientes para eliminar ou reduzir os riscos, de acordo com a NR-9.

Ruído e Poeira

O ruído é um dos principais agentes físicos presentes no ambiente de trabalho e a sua e exposição acima dos limites de tolerância é um dos fatores mais agravantes à saúde ocupacional.

O efeito do ruído em nosso organismo depende do tempo que estamos expostos a ele, da intensidade sonora e da sensibilidade individual.

Pode ser comum encontrar, em diversos ambientes de trabalho, operários insatisfeitos com a exposição ao ruído. Esse tipo de exposição pode ocorrer na maior parte do processo produtivo, já que grande parte dele é composto por máquinas, como a de moagem e o britador.

Isso é agravado quando é ultrapassado o número de horas trabalhadas (8 horas), já que, em uma exposição a 85 dB, por exemplo, o tempo máximo permissível é de 8 horas.

Para o controle do ruído, podem ser tomadas algumas medidas, como isolamento do ruído, a absorção, isolamento do trabalhador (barreiras separando o operador do equipamento, por exemplo), limite e controle da exposição do trabalhador ao ruído, utilização de abafadores (EPI) e, principalmente, o programa de conservação auditiva.

No caso da exposição a poeiras, sabemos que é alta nas indústrias cimenteiras, como a exposição à sílica cristalina, por exemplo.

A sílica cristalina pode causar silicose, um tipo de pneumoconiose, em virtude da inalação desse tipo de particulado, tendo como principal consequência a insuficiência respiratória.

A silicose é uma doença pulmonar fibrogênica caracterizadas por nódulos no pulmão.

Os limites de tolerância para exposição à sílica livre cristalizada variam em função da porcentagem dessa poeira presente na atmosfera coletada no ambiente de trabalho.

Esse limite pode ser calculado através da fórmula abaixo:

LT (mg/m³)       =   8,0 / %Si02 + 2       

Exemplo Na Prática

Vamos supor que, em uma auditoria realizada numa indústria cimenteira, o limite adotado de exposição foi de 2,5 mg/m³. Na pesquisa feita dentro da indústria, todos os valores ultrapassaram esse limite, principalmente nas operações de ensacamento.

Até mesmo o operador menos exposto a poeira apresentou um valor de concentração de material particulado de 3,59mg/m³, o que caracterizou o local como insalubre.

Com isso, as recomendações e medidas de prevenção e controle para exposição a sílica seriam:

- Controle da poeira a níveis abaixo do permitido;

- Ventilação adequada durante os trabalhos em áreas confinadas;

- Uso de equipamentos de proteção respiratória com filtros mecânicos.

O uso de equipamentos de proteção seria utilizado em último caso, já que o uso do EPI deve ser feito quando não há mais possibilidade de eliminar totalmente o risco , sendo a última barreira de proteção do trabalhador.

Prevenção e Conscientização para que os riscos presentes na indústria cimenteira sejam evitados

Um ponto a se considerar, com o intuito de aproximar mais o trabalhador da conscientização dos riscos de trabalho, seria dar uma maior atenção a CIPA, que tem o papel de preservar a saúde e a integridade física dos trabalhadores, observando, relatando as condições de risco no ambiente de trabalho e solicitando medidas preventivas.

Um outro ponto forte a melhorar seria a adoção de tecnologias mais avançadas, como, por exemplo, a instalação de umidificadores industriais, o isolamento do processo produtivo da moagem, ventilação, dentre outros que com certeza evitaria ao mínimo o uso dos EPIs.

Reuniões diárias de segurança nos locais de trabalho, conhecidas como DDS (Diálogo de Segurança), também são consideradas uma ótima medida para alertar aos empregados a existência dos perigos e a forma mais segura de execução das tarefas, sendo uma condição ideal de que todos os trabalhadores tenham conhecimento dos perigos e riscos envolvidos nas suas atividades diárias.

É muito importante saber reconhecer perigos e riscos no ambiente de trabalho, o que contribui para a preservação da integridade física do profissional.

Uma medida bem interessante tomada por parte de grandes empresas que produzem cimento, junto ao Ministério do Trabalho, e que vai envolver os trabalhadores que atuam no final da cadeia de consumo da indústria é a redução do peso do saco de cimento, que, em sua maioria, atualmente pesam 25 Kg e 50 Kg. Os sacos passariam a pesar apenas 25 Kg, com intuito de reduzir o absenteísmo e enfermidades, já que sacos com pesos de 50 Kg podem acarretar problemas de saúde ao trabalhadores.

Para se ter uma noção do tamanho da importância que devemos dar para a segurança e saúde do trabalhador, nos últimos 6 anos foram perdidos mais de R$ 28 bilhões com afastamentos por motivos de acidentes de trabalho, de acordo com o Ministério Público.

Ou seja, os investimentos feitos na área de Segurança do Trabalho são de suma importância para que não ocorram prejuízos financeiros futuramente.

Pode parecer óbvio, mas infelizmente muitas empresas preferem não investir em segurança!

Técnicos e Engenheiros de Segurança do Trabalho devem garantir que todas as Normas Regulamentadoras estejam funcionando de modo que não ocorram prejuízos, tanto psicológicos quanto materiais, aos trabalhadores.