Os seres humanos estão constantemente expostos a vários produtos químicos que representam danos à saúde: produtos de uso doméstico, como detergentes e perfumes, podem desencadear reações alérgicas. No ambiente de trabalho, o risco químico pode ser um forte agravante para doenças.
São considerados agentes de risco químico no ambiente de trabalho substâncias ou produtos que possam afetar o organismo do colaborador. Eles podem penetrar no corpo humano pelas vias respiratórias — nas formas de poeira, gases ou vapores —, por contato com a pele ou ingestão.
Produtos químicos usados de forma indevida podem causar danos ao fígado, distúrbios reprodutivos, alergias, infecções, problemas dermatológicos, respiratórios, entre outros.
Para proteger os funcionários de uma empresa, continue lendo este artigo e descubra quais são as obrigações do empregador para preservar a saúde de seus colaboradores e como seguir a legislação vigente.
Principais riscos químicos
A possibilidade de um funcionário sofrer danos em decorrência de sua atividade laboral é chamada de risco ocupacional. Isso engloba tanto acidentes quanto doenças ocorridas pela condição da atividade exercida. É obrigação do empregador minimizar os perigos que o ambiente proporciona, mantendo sua equipe segura e saudável.
Quando se tratam de agentes químicos, os efeitos podem ser agudos (imediatos) ou crônicos (longo prazo), dependendo do grau de exposição ao produto tóxico. Como possuem diferentes estados físicos, os agentes químicos se tornam grandes ameaças, sendo combatidos somente com medidas preventivas que estejam de acordo com as condições de trabalho.
Os processos industriais envolvem diversas matérias-primas, diferentes formas de obtenção e riscos variados. Por isso, o manejo de cada produto químico deve ser avaliado individualmente.
Benzeno
Substância importante para vários processos industriais, o benzeno é altamente prejudicial à saúde. Quando inalado, mesmo em curto prazo, causa sonolência, tonturas, vômitos e dores de cabeça. Pode também desencadear irritação nos olhos, pele e vias respiratórias.
Quando há exposição prolongada pode causar diversos problemas hematológicos, incluindo redução dos glóbulos vermelhos e anemia. Mulheres expostas ao benzeno por inalação em tempo prolongado podem desenvolver problemas reprodutivos e problemas no feto em desenvolvimento, como baixo peso ao nascer, a formação óssea deficiente, danos na medula óssea e anomalias cromossômicas.
Casos de leucemia também podem estar ligados à exposição ao componente tóxico. Há ainda riscos danosos ao sistema nervoso central, sistemas endócrino e imunológico, fígado e rins.
Solventes
Os solventes são compostos químicos capazes de dissolver outros materiais. Usados como veículos para aplicar produtos, como pinturas, vernizes e adesivos, evaporam facilmente, são altamente inflamáveis e têm efeito tóxico. Os mais comuns são o benzeno, tolueno, estireno, xileno, hexano, pentano, clorofórmio, tetracloreto de carbono. álcoois, cetonas, glicóis e éteres.
Os problemas de saúde incluem alergias cutâneas, alterações nos rins e fígado, deficiências hematológicas e cardíacas e danos ao sistema nervoso central. Alguns estudos apontam risco de infertilidade pela exposição prolongada. Em gestantes, pode causar aborto e parto prematuro. Linfomas e cânceres também podem estar relacionados com a inalação de solventes.
Agrotóxicos e pesticidas
Substâncias químicas naturais ou sintéticas são usadas para combater pragas. Há centenas de compostos químicos nos agrotóxicos, vários deles de alto risco para o contato humano. Recebem a classificação de inibidores das colinesterases (organofosforados e carbamatos) e os neurotóxicos (organoclorados e piretroides).
Usados amplamente no meio na agricultura, penetram no organismo pela pele, via respiratória ou por ingestão. Podem causar problemas neurológicos, desregular hormônios, danificar o sistema reprodutor e causar câncer.
Como mapear o risco químico
Uma maneira eficiente de controlar o risco químico é implantar o Mapa de Risco. Criado na década de 1960 pelos italianos, só começou a ser usado no Brasil no fim dos anos 70, mas foi somente em 1992 que tornou-se obrigatório. Ele é exigido em todos os países que a Comissão Interna de Prevenção de Acidentes (CIPA) está presente.
O Mapa de Risco deve ser realizado individualmente para os setores, de acordo com as características de cada local. É uma representação gráfica que aponta situações que possam causar prejuízos à saúde dos trabalhadores. Ele tem como objetivo reunir informações para estabelecer o diagnóstico da segurança e saúde do trabalhador.
Para ser elaborado, deve seguir as seguintes etapas:
- Conhecer o local analisado: Saber quantos são os colaboradores, sexo, idade, capacitação profissional, jornada de trabalho, estado de saúde, instrumentos profissionais e atividades exercidas;
- Identificar riscos: Listar os perigos que o local analisado pode representar;
- Medidas preventivas: Relatar quais são as medidas preventivas já adotadas e qual a eficácia das mesmas;
- Indicadores de saúde: Levantar quais são as principais queixas dos colaboradores e o seu estado de saúde, verificando se há doenças laborais diagnosticada e quais as causas mais frequentes de faltas no trabalho;
Layout: O Mapa de Risco deve ser composto por círculos com cores indicativas ao grupo de risco que pertencem, contendo número de trabalhadores e agente específico. A intensidade de risco é representada pelo tamanho do círculo.
Gestão responsável para risco químico
Todo produto químico oferece uma Ficha de Informação de Segurança de Produtos Químicos (FISPQ) na embalagem. O documento obrigatório é normalizado pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) e serve como um instrumento de comunicação sobre perigos e possíveis riscos. São 16 seções e devem indicar os seguintes itens:
- Os perigos que o produto químico pode causar;
- Os componentes químicos;
- Como agir para prestar os primeiros socorros no caso de contato com o produto;
- Como combater chamas em caso de incêndio;
- O que fazer em caso de vazamento;
- Como armazenar;
- Proteção necessária para manuseio;
- Informações sobre transporte.
Equipe envolvida no controle do risco químico
Conscientizar e capacitar os colaboradores é uma etapa importante para reduzir os danos relacionados ao risco químico. Esse envolvimento coletivo amplia o rigor do cumprimento das normas de segurança, contribuindo para a redução de acidente.
A gestão eficiente para prevenção de acidentes de trabalho é importante não só para estar em conformidade com as normas exigidas. Ações efetivas mostram o respeito e a responsabilidade do empregador com a vida humana e o zelo com o colaborador.
Além dessas medidas, o laudo de insalubridade também resguarda a saúde física e psicológica do colaborador, demonstrando o compromisso da empresa com o bem-estar de cada um. Em nosso blog, você pode entender mais sobre o assunto e outras ações efetivas que ajudam a estabelecer a relação de confiança e colaboração mútua entre empregador e funcionário.