Queimaduras Elétricas: Educar para Prevenir
Editor: Sandro Azevedo
Postagem: 2020-04-22T15:30:46-03:00
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Por maior que seja a nossa preocupação e zelo com a saúde e segurança dos funcionários, infelizmente, acidentes podem acontecer. É por isso que precisamos ficar extremamente atentos e sempre prontos para reagir da melhor maneira possível. E no caso das queimaduras elétricas, não é diferente. Mas antes de tudo, é importante entender quais são os tipos de queimaduras.

Principais tipos de queimaduras elétricas

Queimadura por contato

Quando alguém encosta numa superfície condutora energizada e cria um caminho de condução através do próprio corpo.

Queimadura por arco voltaico

Ela acontece pela falha dos itens de isolamento dos condutores ou curto circuito. É um fluxo de corrente através do ar, da poeira, sujeira ou umidade que fica aos arredores do arco.

Queimadura por vapor metálico

Acontece quando existe emissão de vapores e derramamento de metais derretidos, podendo atingir diversas pessoas ao redor.

O maior mito sobre queimaduras elétricas

Engana-se quem pensa que as queimaduras elétricas afetam apenas a pele. Dependendo do grau e do tipo de queimadura, o funcionário pode ter perda óssea, problemas renais, problemas neurológicos, infecções, lesões na medula espinhal e outras consequências severas a longo prazo. Além disso, elas também podem afetar:

- Músculos, causando contração violenta;

- Coração, podendo ocasionar parada cardíaca;

- Cérebro, causando convulsões, perda da consciência e dificuldade na memória recente, entre outros.

Como saber se a lesão foi grave?

Pela intensidade da corrente

A intensidade da corrente é medida em volts e amperes. A corrente doméstica habitual nos Estados Unidos é entre 110 e 220 V. Em muitos outros países, a corrente doméstica padrão é de 220 volts. Uma tomada elétrica padrão é de 110 V, e a de 220 V é usada para aparelhos grandes, como secadoras ou refrigeradores. Qualquer corrente superior a 500 V é considerada como alta voltagem ou alta tensão. Uma alta voltagem pode saltar (arco) pelo ar desde 2,5 cm até alguns metros, conforme a voltagem. Deste modo, uma pessoa pode ficar lesionada apenas por se aproximar demasiadamente de uma linha de alta voltagem. Uma alta voltagem causa lesões mais graves do que uma baixa voltagem e tem mais probabilidade de produzir danos internos.

Pelo Tipo da Corrente

A corrente elétrica é classificada como corrente contínua (CC) ou corrente alternada (CA). A corrente contínua, como a gerada por baterias, flui constantemente na mesma direção. A corrente alternada, como a corrente disponível em tomadas de parede de domicílios nos Estados Unidos e na Europa, muda de direção 50 a 60 vezes por segundo. A corrente alternada é mais perigosa que a corrente direta. A corrente contínua tende a causar uma única contração muscular, muitas vezes intensa o suficiente para afastar bruscamente a pessoa da fonte de eletricidade. A corrente alternada causa uma contração muscular contínua que, quase sempre, impede a liberação da fonte de eletricidade. Como resultado, a exposição pode ser prolongada. Até mesmo uma pequena quantidade de corrente alternada, apenas a suficiente para que se sinta uma leve descarga, pode fazer com que fique preso sem conseguir se soltar. Um pouco mais de corrente alternada pode causar uma contração dos músculos torácicos, impedindo a respiração e, ainda, podendo originar ritmos cardíacos mortais. Mais corrente pode causar ritmos cardíacos anormais (arritmias) mortais.

Pelo percurso da corrente

O percurso da eletricidade através do corpo tende a determinar que tecidos são afetados. Como a corrente alternada inverte continuamente a direção, os termos mais comumente usados "entrada" e "saída" são inapropriados. Os termos "origem" e "aterramento" são mais exatos. A mão é o ponto de origem mais frequente de eletricidade; o segundo é a cabeça. O ponto de aterramento mais frequente é o pé. Uma corrente que passe de um braço para o outro ou de um braço para uma perna pode atravessar o coração e é muito mais perigosa do que a corrente que passa de uma perna para a terra. Uma corrente que percorra a cabeça pode afetar o cérebro.

Pelo tempo de exposição

O tempo de exposição da corrente também determina o nível de lesão: quanto maior, pior.

Curiosidade: a intensidade da corrente muda de pele para pele?

Sim, quanto mais espessa for a pele do funcionário, menor a chance de lesão grave. Para zonas de pele fina, lesionada ou úmida, os riscos são maiores.

Em caso de prestação de socorro, a primeira ação é cortar imediatamente a fonte de eletricidade. Isso pode ser feito desligando o dispositivo da tomada de corrente. Mas é extremamente importante não tocar na pessoa até que a corrente tenha sido cortada, pois quem encosta na pessoa sob essas condições, não só não auxilia como também pode levar o choque.

Se você não conseguir desligar a corrente elétrica, tente, em última hipótese, separar a pessoa com um cabo 100% de madeira maciça, sem nunca encostar na pessoa. Em hipótese alguma faça isso se estiver com as mãos ou alguma outra parte do corpo molhada: a água é condutora de energia elétrica e pode ser fatal.

Depois que a pessoa tiver se soltado da corrente, é importante confirmar se ela está respirando e se tem pulso. Se não, acione na hora a emergência médica da sua região e inicie uma reanimação pulmonar imediatamente.

Resistência à corrente

A resistência é a capacidade de impedir o fluxo de eletricidade. Quase toda a resistência do corpo está concentrada na pele. Quanto mais espessa for a pele, maior será sua resistência. Por exemplo, a pele espessa e calejada de uma palma da mão ou de uma planta do pé é muito mais resistente à corrente elétrica do que uma zona de pele fina, como a parte interna do braço. A resistência da pele diminui quando está lesionada (por exemplo, puncionada ou raspada) ou quando está úmida. Se a resistência da pele for alta, a maior parte do dano será local e, muitas vezes, causará apenas queimaduras cutâneas. Se a resistência da pele for baixa, grande parte do dano afetará os órgãos internos. Do mesmo modo, o dano acometerá principalmente os órgãos internos se pessoas que estiverem molhadas entrarem em contato com uma corrente elétrica, por exemplo, quando um secador de cabelo cai dentro da banheira ou quando uma pessoa pisa em uma poça de água que está em contato com uma linha elétrica caída.

Sintomas

Frequentemente, o sintoma principal de uma lesão provocada por eletricidade é uma queimadura na pele, apesar de nem todas as lesões provocadas por eletricidade causarem danos externos. As lesões devido à alta voltagem podem causar queimaduras extensas internas. Se o dano muscular for extenso, um membro pode inchar tanto que suas artérias ficam comprimidas (síndrome compartimental), interrompendo o suprimento de sangue ao membro. Se uma corrente se aproximar dos olhos, pode originar catarata, que pode surgir dias após a lesão ou anos mais tarde. Se grande parte do músculo estiver danificada (um distúrbio chamado rabdomiólise), uma substância química, mioglobina, é liberada no sangue. A mioglobina pode danificar os rins.

Crianças pequenas que mordem ou chupam cabos elétricos podem queimar a boca e os lábios. Essas queimaduras podem provocar deformações na face e problemas de crescimento dos dentes, do queixo e da face. Um perigo adicional é que pode haver sangramento intenso de uma artéria do lábio quando a crosta se solta, geralmente cinco a dez dias depois da lesão.

Uma descarga menor pode causar dor muscular e desencadear contrações musculares leves ou sobressaltar a pessoa e provocar uma queda. Os choques graves podem causar ritmos cardíacos anormais que podem não ter consequências ou serem imediatamente fatais. Da mesma forma, uma descarga grave pode desencadear contrações musculares com potência suficiente para atirar pessoas para o chão ou para provocar deslocamento de articulações, fraturas ósseas e outras lesões por impacto.

Os nervos e o cérebro podem ser lesionados por vários mecanismos, provocando ataques epilépticos, sangramento (hemorragia) no cérebro, falta de memória a curto prazo, alterações da personalidade, irritabilidade ou dificuldade em adormecer. Os danos aos nervos no organismo ou uma lesão da medula espinhal podem causar fraqueza, paralisia, adormecimento, formigamento, dor crônica e disfunção erétil (impotência).

Diagnóstico

- Avaliação médica

Os médicos examinam as pessoas em busca de queimaduras, fraturas, deslocamentos e lesões da medula espinhal ou outras.

A maioria das pessoas que não tem sintomas não precisa de exames ou monitoramento. Um eletrocardiograma (ECG) é feito para monitorar a frequência cardíaca em algumas pessoas. Para algumas pessoas, podem ser necessários exames de urina e sangue. Se as pessoas estiverem inconscientes, podem ser necessários exames de imagem, como tomografia computadorizada (TC) ou imagem por ressonância magnética (RM).

Prevenção

A educação sobre a eletricidade e o respeito por ela são fundamentais. Assegurar-se de que todos os dispositivos elétricos estão corretamente concebidos, instalados e em bom estado de manutenção ajuda a prevenir lesões provocadas pela eletricidade tanto em casa como no trabalho. As ligações elétricas devem ser sempre efetuadas por especialistas devidamente formados nessa área. 

Qualquer dispositivo elétrico que possa entrar em contato com o corpo deve ter uma ligação à terra adequada. As ligações de corrente elétrica de três pinos são mais seguras. Os dispositivos que possuam um condutor terra, devem sempre ser ligados em tomadas igualmente dotadas de uma ligação terra. Nas zonas sujeitas à umidade, como cozinhas e banheiros, e na zona externa da habitação são recomendados os interruptores diferenciais que cortam o circuito quando ocorre uma fuga de corrente a partir de 5 miliamperes.

Para evitar uma lesão provocada por uma corrente que salta (queimaduras por arco elétrico), não devem ser utilizadas escadas nem postes junto a linhas de alta voltagem.

Tratamento

- Reanimação cardiopulmonar

- Tratamento da queimadura

Em primeiro lugar, deve-se separar a pessoa da fonte de eletricidade. A forma mais segura consiste em cortar a eletricidade de imediato (por exemplo, acionando o interruptor diferencial ou desligando o dispositivo da tomada de corrente). Ninguém deve tocar na pessoa até que a corrente tenha sido cortada, sobretudo se as linhas forem de alta voltagem.

É difícil distinguir as linhas de alta e de baixa voltagens, ou tensão, principalmente ao ar livre. As empresas de energia são responsáveis pelo corte da corrente nas linhas de alta tensão. Muitas pessoas que, com boas intenções, tentaram ajudar alguém, acabaram por sofrer lesões provocadas por eletricidade.

Assim que se possa tocar na pessoa sem perigo, quem a socorrer deve confirmar que respira e que tem pulso. Se a pessoa não estiver respirando e não tiver pulso, deve-se iniciar a reanimação cardiopulmonar (RCP) imediatamente. A assistência médica de emergência deve ser chamada para qualquer pessoa que tenha mais do que uma lesão leve. Uma vez que a extensão de uma queimadura elétrica pode ser enganosa, deve-se procurar assistência médica, se existir qualquer dúvida relativamente à gravidade.

As pessoas com rabdomiólise geralmente recebem grandes quantidades de líquidos administrados por via intravenosa. Se necessário, é aplicada uma vacina antitetânica, e se a lesão causar dor, as pessoas recebem analgésicos.

As queimaduras da pele são tratadas com creme para queimaduras (como sulfadiazina de prata ou bacitracina) e compressas estéreis. Geralmente, uma pessoa com queimaduras de pouca importância na pele pode ser tratada em casa. Se a lesão for mais grave, a pessoa deve ficar internada no hospital, idealmente numa unidade para queimados. A pessoa é mantida no hospital por seis a doze horas se alguma das seguintes condições se verificar:

- Os batimentos cardíacos ou resultados de um ECG forem anormais;

- A pessoa tiver sintomas de um problema cardíaco (por exemplo, dor no peito ou, às vezes, falta de ar);

- A pessoa tiver outras lesões graves;

- A pessoa estiver grávida (em muitos, mas não necessariamente todos os casos);

- A pessoa tiver um problema cardíaco conhecido (em muitos, mas não necessariamente todos os casos).