Bem-estar. Nunca se almejou tanto essa meta dentro das empresas, que, atentas não apenas no lucro, se alinham para garantir a saúde física e mental de seus colaboradores com ações, especialmente, para valorizar o eixo social. Consultando os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), da ONU, dois quesitos se encaixam no tema: o Objetivo 3, que diz respeito à promoção da saúde e bem-estar, e no Objetivo 8, que se refere à promoção de trabalho decente e crescimento econômico. Ou seja, os países signatários, que inclui o Brasil, têm como compromisso até 2030 de cumprir essas metas, o que engloba também um outro assunto, muito em voga no momento: o ESG (Sigla do inglês ara environmental, social e governance).
O cenário, contudo, é desafiador: o“Panorama ESG Brasil 2023”, divulgado em abril pela Amcham (Câmara Americana de Comércio) e a startup Humanizadas, mostrou que mais da metade das empresas deseja capacitar seus colaboradores (62%) para essa cultura, bem como desenvolver a diversidade e inclusão (58%), além de adotar políticas de remuneração justa (51%). “Ainda assim, só 20% priorizam investimentos a partir de critérios ESG e 16% utilizam certificações ou avaliações de rating ESG”, pontua o levantamento, que ouviu 574 executivos, 70% de médias e grandes corporações.
Eixo social das empresas
Pensar ESG deve ser inserido desde departamentos como o de Recursos Humanos, até o dia a dia dos funcionários de uma empresa, com atenção ao eixo social das empresas. Daniela Dall´Acqua, diretora de RH da MetLife Brasil, escreveu um artigo sobre o assunto e pontuou que atualmente, as corporações já compreenderam que as melhores práticas ambientais, sociais e de governança são essenciais tanto para protegê-las de riscos futuros, como para trazer mais produtividade.
“Ações ESG precisam extrapolar os muros e envolver toda a cadeia produtiva, incluindo clientes, fornecedores e acionistas. Justamente pelo conceito ESG ter origem em múltiplas frentes, sua implementação não pode ser responsabilidade de uma única área e nunca será exclusivamente do RH, mas com certeza é um protagonista com forte atuação na adoção dessa agenda, influenciando a implementação das iniciativas de ESG de forma ampla e consistente”, disse Daniela.
ESG em SST
“ESG: Uma transformação dos negócios pelo olhar social”. Com esse tema, o Serviço Social da Indústria (SESI), em parceria em parceria com a Confederação Nacional da Indústria (CNI) promoveram o evento para debater a sustentabilidade no foco das ações de SST. “Cada vez mais as organizações estão preocupadas com a agenda ESG e, em especial, com as responsabilidades sociais, que abrangem iniciativas que beneficiam os trabalhadores e a comunidade e vão além dos objetivos econômicos e financeiros. A promoção do trabalho seguro é um compromisso das empresas, faz parte do clima organizacional e é também um fator de competividade. E a isso se soma a percepção da sociedade em relação às organizações”, destacou Rafael Lucchesi, diretor superintendente do SESI, na abertura dos debates, entre os dias 26 e 27 abril.
Por ambientes mais seguros
Pensar no bem-estar abrange pensar nas formas de trabalho, que mudaram drasticamente no decorrer dos anos, e ainda mais aceleradas com o período da pandemia de Covid-19. A gestão de riscos no ambiente de trabalho devem ser pauta constante, especialmente no que se refere aos avanços da Norma Regulamentadora número 1 (NR-1), que trata das linhas gerais de aplicação das NRs e o gerenciamento de riscos ocupacionais, ou seja, os possíveis riscos à saúde do trabalhador durante a jornada de trabalho.
Katyana Aragão, gerente executiva de Saúde e Segurança da Indústria, durante o evento, explicou que a NR-1 tem sido uma ferramenta eficaz para a promoção de ambientes de trabalho mais seguros e saudáveis, especialmente quando se trata de gerenciamento de riscos. “É uma norma nova, tem pouco mais de um ano de aplicação e a gente já vê os resultados positivos. A gente só tinha norma internacional que trazia gestão de risco e, agora, fomos beneficiados nessa norma”, frisou.
Um case é da Tegra Incorporadora, empresa do grupo BrookfieldAsset Management, que recebeu em 2022 dois prêmios Master Imobiliário ligados ao tema: Melhores Práticas em ESG e Segurança do Trabalho. O processo em tornar-se mais sustentável foi progressivo e bem planejado, iniciando os trabalhos em 2016. “Naquele ano entendemos que precisávamos nos tornar uma empresa sustentável, por conta do impacto que nossa atividade gera”, conta Angel Ibañez, diretor de suprimentos e ESG na Tegra.
Em se tratando de SST, Fábio Barros,diretor executivo de construção, ressalta que segurança é um valor inegociável na empresa e menciona os processos adotados na obra Sofi Campo Belo, que foi premiada por segurança no trabalho. Durante 700 dias de monitoramento, não houve acidentes, paralisações ou afastamentos obra. Para tanto, a incorporadora investiu em mapeamento de atividades e locais com risco frequente de acidentes, sendo, então, adotadas ferramentas como aplicativo para verificação de documentos de máquinas e equipamentos de grande porte; uso de câmeras nas gruas das obras, estas por meio de Inteligência Artificial, checam se todos os trabalhadores estão usando corretamente os EPIs: “Esse monitoramento permite que o fiscal de obra receba um alerta no caso de algum colaborador não estar com EPI”, explica Barros.
Por fim, a Tegra também investiu em monitoramento por sensores nas áreas de transporte vertical de materiais. “Com o dispositivo é acionar um alarme em caso de perigo”, acrescenta o diretor.
Fonte: Cipa & Incêndio