Dados preliminares divulgados pela Abracopel (Associação Brasileira de Conscientização para os Perigos da Eletricidade) sobre os acidentes de origem elétrica no primeiro semestre de 2022 apontam que o país registrou 949 ocorrências entre choque elétrico, incêndio e descarga atmosférica (raio). Deste total, 384 pessoas morreram. O relatório indica estabilidade nas ocorrências por choque elétrico, mas um importante crescimento em incêndios por sobrecarga no país no comparativo entre os anos de 2019 e 2022. As ocorrências saltaram de 287 no primeiro semestre de 2019 para 441 no mesmo período de 2022. O número de mortes em incêndios por sobrecarga também aumentou de 28 naquele semestre para 33.
Um dado que chamou a atenção da entidade foi o crescimento de incêndios em hospitais, clínicas e postos de saúde. Enquanto em 2019 foram registradas 13 ocorrências com nenhuma morte, neste ano, foram 23 com 14 mortes. Para o diretor-executivo da Abracopel, Edson Martinho, o aumento dos números nesses estabelecimentos de saúde tem explicação. “Passamos por dois anos de uso excessivo dos hospitais, que não tiveram muito tempo para se adequar, mas há também uma falha generalizada na execução e manutenção deste tipo de instalação, que requer uma preocupação maior, já que ao iniciar um incêndio, em um ambiente hospitalar ou clínica, você pode atingir pessoas em situações de vulnerabilidade com a saúde que, em alguns casos são agravadas pela transferência ou desligamento de aparelhos”, justificou.
No caso do choque elétrico, o relatório aponta um equilíbrio no comparativo com os anos anteriores. Neste semestre, de um total de 458 ocorrências, 330 resultaram em morte. Em 2019 o número de ocorrências foi maior: 484 com 374 mortes.
A rede aérea continua sendo o local de maior incidência destes acidentes com 215 ocorrências no total e 142 mortes. Acidentes dessa natureza, para Martinho, têm relação com o desconhecimento das pessoas em relação ao enorme risco que estão expostos quando chegam próximo à rede de energia.
“Atividades como instalações de internet e TV a cabo, de fachadas, placas, pintura de fachadas e construções muito próximas das redes devem ser precedidas de análise de risco e instalação de proteções coletivas (isolamento das redes). Porém, pelo imediatismo, as pessoas acabam ignorando o risco e sofrendo os acidentes”, completou. O aumento no número de acidentes levantados pela Abracopel acendeu um alerta na entidade. “Estamos planejando várias ações para falar do risco de sobrecarga e curto circuitos”, completou o diretor.
Acidentes e mortes por choque elétrico em locais onde há presença de trabalhadores (*)
Subestações: 4 acidentes – 3 mortes
Rede aérea de distribuição: 215 acidentes – 142 mortes
Poste: 4 acidentes – 3 mortes
Indústria: 15 acidentes – 12 mortes
Galpão, armazéns: 3 acidentes – 3 mortes
Construção civil: 17 acidentes- 10 mortes
Comércio: 21 acidentes – 16 mortes
(*) 1º semestre/2022
Por: Marla Cardoso
Fonte: Revista Proteção