Discutir a respeito da importância da visão humana pode parecer redundante, mas quando observamos muitos locais de trabalho, nem sempre percebemos o quanto ela é essencial para a execução de uma tarefa de forma produtiva, precisa e segura, pois grande parte da fadiga passa pela sobrecarga dos olhos.
No meio rural, os trabalhadores estão expostos a ambientes de trabalho que muitas vezes são diferentes daqueles encontrados em outros locais, como, por exemplo, atuando em ambientes com excesso ou falta de iluminação. Tais situações influenciam o desempenho e podendo comprometer a eficiência e qualidade do trabalho, bem como a segurança e saúde dos trabalhadores.
O olho é considerado o órgão receptor mais importante do ser humano, sendo que estudos apontam que 80 a 90% de todas as nossas percepções ocorrem por meio da visão. Além disso, o aparelho visual fornece informação sensitiva extremamente precisa, cujo tempo de percepção é influenciado pela luz e características do objeto. Por isso, uma intensidade de luz apropriada que incide sobre o ambiente é primordial em qualquer local de trabalho para a garantia de uma boa visibilidade. E para tal, é necessária uma intensidade adequada de luz e eliminação completa de qualquer brilho que provoque o ofuscamento no posto de trabalho.
Por isso, o fator mais importante a ser considerado na definição da iluminação do ambiente de trabalho é a relação entre o nível ideal de iluminação e o tipo de trabalho, ou seja, a quantidade de luz que deve incidir em cada posto de trabalho, possibilitando a comparação com os valores mínimos estabelecidos pela legislação e fornecer recomendações para a adequação das condições de iluminação nos locais de trabalho.
A iluminação pode ser natural, artificial ou combinação de ambas:
Natural: quando existe o aproveitamento direto (incidência) ou indireto (reflexão/dispersão) da luz solar; e
Artificial: quando é utilizado um sistema, em geral elétrico, de iluminação, podendo ser geral ou suplementar.
Para medição do nível de iluminação no ambiente de trabalho são usados medidores conhecidos como luxímetros, cuja unidade de medida é o lux, sendo realizada no local onde a tarefa visual será realizada. E quando isso não puder ser feito, a medição deverá ser realizada no plano horizontal a 0,75 m do piso e distante 1,5 m da parede.
No caso do trabalho rural, a grande maioria das atividades é realizada durante o período diurno, onde o excesso de luz é o grande problema enfrentado pelos trabalhadores, podendo causar o desconforto visual pelos constantes reflexos e ofuscamentos que podem ocorrer nos ambientes de trabalho. Sendo assim, o uso de óculos de proteção, uso de cores apropriadas ou de barreiras de proteção sobre as partes que causam os reflexos é uma medida a ser adotada. Além disso, em ambientes fechados, mesmo em período diurno, pode existir a falta de iluminação, ocasionados muitas vezes, por erros de projetos que não aproveitam a iluminação natural de forma adequada. Já com relação aos trabalhos noturnos, um nível de iluminação adequado situa-se na faixa entre 200 a 300 lux, direcionado para o local de realização da tarefa, devendo ser considerado ainda o contraste entre o local focalizado, suas imediações e a presença de brilho no campo visual.
A Norma Regulamentadora que descreve sobre as condições ambientais de trabalho (NR-17) diz que deve haver uniformidade, ausência de efeitos indesejáveis de ofuscamento ou contraste e conformidade com os níveis mínimos de iluminância nos planos de trabalho, estipulados pela NBR 5413, substituída pela NBR ISO/IEC 8995-1 de 03/2013, da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, que trata da iluminação de ambientes de trabalho Parte 1 – Interior.
Segundo a NBR, para tarefas normais, como montagens de peças e operações com máquinas, deve-se aplicar uma intensidade de luz de 200 lux, sem a necessidade de percepção de muitos detalhes. Em ambientes quando há grandes exigências visuais, o nível de iluminação deve ser aumentado, colocando-se um foco de luz diretamente sobre a tarefa, como em inspeções que necessitam ser detectados pequenos detalhes, ou quando o contraste é muito pequeno, podendo o nível de iluminância atingir 3.000 lux.
Por fim, para a prevenção e correção de problemas de iluminação inadequados no ambiente de trabalho, algumas recomendações básicas devem ser adotadas, tais como: manutenção periódica das luminárias; substituição imediata de lâmpadas queimadas, com defeito ou cansadas que levam à redução do fluxo luminoso; uso de um sistema de iluminação do tipo fileira e não concentrados; uso de barreiras de proteção ou cores adequadas que absorvem os raios solares nas superfícies evitando os reflexos; uso de aberturas que permitam a incidência de luz natural; fazer uso de cores adequadas (claras) no interior dos ambientes de trabalho; correção do posicionamento das máquinas e equipamentos, evitando ficarem em posição frontal às janelas ou fonte luminosa (luz natural) que brilhe na direção dos olhos ou próximos de paredes que reduz o nível de iluminação; uso de óculos de proteção; dentre outros.
Portanto, pudemos perceber a importância da iluminação nos ambientes de trabalho. A falta ou excesso de iluminação pode mudar o comportamento do trabalhador rural, causando o desconforto e a fadiga visual, aumentando a possibilidade de ocorrência de acidentes de trabalho, além de perda na eficiência e qualidade do trabalho. Por isso, devemos sempre trabalhar em um ambiente onde o índice de iluminação seja adequado à execução de um trabalho produtivo, seguro e saudável.