A célebre frase "Independência ou Morte", dentro de uma leitura holística, e convertida, obviamente, para os dias atuais do Estado brasileiro, talvez devesse ser impressa como "Justiça ou Fim". Não podemos esperar de um país sem justiça, sem dignidade, sem valores éticos, sem exemplos sólidos e sem moralidade. Como podemos falar em independência?
Independência das classes minoritárias? Independência das vulgaridades socioculturais alimentadas geração após geração? Independência das vantagens e dos privilégios centralizados nas mãos dos que dizem governar o país? Independência das corrupções compulsivas deflagradas no estado brasileiro? Não pode existir independência em um país de 15 milhões de desempregados, em um país onde a saúde, a educação e a segurança pública se encontram nos mais baixos índices entre os países ditos subdesenvolvidos.
Independência? Independência em um país onde já somam-se 4,4 milhões de crianças vivendo na miséria? Em um país onde uma legislação se transforma em "brinquedo" nas mãos dos que criam, executam, julgam, destroem, e excluem o que bem desejam, sem ao menos refletirem sobre as consequências desses atos?
Independência em um país que gasta com previdência dez vezes o que gasta com educação? Em um país em que cada parlamentar custa R$ 139 mil por mês aos cofres públicos? Em um país onde o Congresso Nacional gasta R$ 10,8 bilhões por ano? Em um país onde os acidentes de trabalho com gravidade acentuada, saltaram de 94.353 para 132.623 ao ano? Em um país que hoje ocupa o segundo lugar no G20 em mortalidade no trabalho?
Considerando o caráter dos que gozam de autonomia, de direitos, de igualdade, longe ainda estamos de nos considerarmos um país independente, e muito menos podemos falar em independência, no sentido próprio da palavra, para a população brasileira! Na realidade, somos meros "fantoches" de um sistema que nem mesmo sabe se existimos de fato!
Um país independente é um país livre de desigualdades, contrastes, preconceitos, livre da fome, da miséria, do desemprego e do analfabetismo. Afinal, estamos comemorando qual independência? Dom Pedro I fez a parte dele, será que cada brasileiro hoje está fazendo a sua?
Os escândalos divulgados pela mídia, infelizmente, são resultados naturais de um processo de negação da cultura política aos meios populares, e reflete com transparência, uma atitude passiva dessas representações, no ávido esforço de advertir a população brasileira para a compreensão e análise do processo político na qual estamos inseridos.
"Vivemos imersos numa utopia de proporções aterradoras"
Por: Sandro de Menezes Azevedo
Presidente/SINTEST-SE
Presidente/ASPROTEST
Segundo Secretário Geral/FENATEST
Idealizador/SAFENATION