Os níveis de biossegurança são fatores determinantes para o bom funcionamento da indústria farmacêutica. Essa importância diz respeito aos riscos a que os profissionais estão expostos e aos impactos que os agentes infecciosos manipulados naquele espaço podem causar à comunidade e ao meio ambiente.
Exatamente para diminuir esses riscos, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) criou uma série de normas para esses espaços. Esses níveis de biossegurança versam sobre qual os riscos e também quais as medidas protetivas que devem ser tomadas naquele recinto.
Os níveis de biossegurança
De forma resumida, os níveis de biossegurança são resultado da análise do risco causado pelo agente infeccioso mais perigoso manipulado em laboratório. A partir daí, foram estudadas medidas para se “cobrir todas as bases” de eventuais contaminações, por esse ou outros organismos “menos perigosos”.
Essas medidas protetivas terão efeito em várias etapas do trabalho em um laboratório e até mesmo em sua estrutura. Elas versarão sobre as instalações, como os experimentos serão manipulados e que EPIS deverão ser utilizados em cada etapa.
Um exemplo prático e atual. Na produção da vacina da Covid-19, algumas das farmacêuticas utilizam o vírus inativo. Para evitar tanto a contaminação das amostras quanto a contaminação pela doença na etapa de “inativa-lo”, alguns protocolos são fundamentais. Esses protocolos dirão respeito aos níveis de biossegurança indicados para aquela prática em questão.
As normas estabelecidas pela Anvisa vão de NB-1 a NB-4, sendo que o nível de proteção é crescente. Um profissional é responsável por avaliar o nível de risco do projeto e à qual das divisões o laboratório que trabalhará com aquele agente infeccioso deve se adaptar.
NB-1
Nesse nível de biossegurança, podem ser manipulados agentes infecciosos que comumente não contaminam humanos e animais saudáveis. Já na porta, deve haver o aviso de risco biológico.
O uso de jaleco, luvas e toucas é necessário e não se deve tocar em maçanetas e interruptores usando as luvas.
São proibidos:
- Calçados abertos;
- Uso de acessórios como anéis;
- Comer, beber ou fumar;
- Manter alimentos dentro do laboratório;
- Quando o agente infeccioso for manuseado, deve ser realizada a desinfecção da superfície.
NB-2
No segundo nível de biossegurança, pode-se trabalhar com microrganismos que infectam humanos, mas que tenham tratamento fácil. Além dos EPIs já citados no NB-1, também é indicado o uso de máscara.
Cabines de classe I e II devem ser utilizadas no caso de agentes infecciosos aerossóis. Pisos, teto e paredes devem ser lisos, impermeáveis e resistentes à desinfecção. Autoclave e lava-olhos são obrigatórios.
Lápis, canetas e materiais usados nessa sala não devem ser retirados dela.
NB-3
Os microrganismos potencialmente fatais, de alto risco individual mas baixo risco para a comunidade, são os trabalhados nesse nível de biossegurança. Nesse laboratório, EPIs e jalecos devem permanecer na sala.
As cabines de classe I e II são obrigatórias para qualquer espécie de manipulação do agente infeccioso.
A higiene das mãos torna-se ainda mais importante e, nesse nível de biossegurança, as torneiras devem ter acionamento por movimento ou com os pés. O uso de luvas é duplicado. Isso mesmo: usa-se uma luva em cima da outra.
Portas devem ser duplas e de fechamento automático. É mandatária a presença de um gerador para casos de emergência.
Como medidas específicas desse nível de biossegurança, é necessário um alto controle de acesso, higienização do lixo e das roupas antes da lavagem, exames sorológicos periódicos dos pesquisadores envolvidos.
NB-4
O nível de biossegurança mais alto trata de microrganismos de alta propagação e sem fácil tratamento. Para o manuseio do agente, é necessária uma cabine classe III. No caso do uso de outras cabines, é preciso vestir um macacão de pressão positiva e com suprimento de ar.
O laboratório não deve conter janelas e deve ocupar um prédio separado das demais instalações. Caso fosse em uma área isolada, melhor ainda. A segurança nesses casos deve ser alta, com circuito interno de TV e até mesmo leitores biométricos.
Os profissionais atuantes devem trocar de roupa ao chegar e tomar banho antes de sair. Todos os materiais devem ser desinfetados e todos os resíduos, incinerados.
Fonte: Redação Panorama Farmacêutico