A preocupação do homem com relação a seu bem estar e conforto é diretamente proporcional à evolução da humanidade, ou seja, quanto mais evoluídas se tornam as pessoas, mais exigentes ficam com relação a seu conforto e bem estar.
O conforto térmico encontra-se inserido no conforto ambiental, donde também fazem parte o conforto visual (incluindo a psicodinâmica das cores), conforto acústico e qualidade do ar. Seus estudos tem ligação estreita com as áreas de Engenharia e Arquitetura, por serem elas as responsáveis pela concepção e criação dos ambientes nos quais o homem passa grande parte de sua vida.
O organismo humano pode ser comparado à uma "máquina térmica", a qual gera calor quando executa algum trabalho. O calor gerado pelo organismo deve ser dissipado em igual proporção ao ambiente, a fim de que não se eleve nem diminua a temperatura interna do corpo. Como o homem é um animal homotérmico, isto é, deve manter sua temperatura corporal praticamente constante, esses desequilíbrios ocasionados entre a geração e a dissipação do calor pelo organismo podem ocasionar sensações desconfortáveis, ou mesmo patologias em casos mais extremos (Estresse Térmico).
Dessa maneira, o embasamento dos estudos de conforto térmico encontra-se no balanço térmico verificado entre o homem e o ambiente a seu redor, o que teve grande impulso pelos estudos realizados em câmaras climatizadas, principalmente os de Fanger (1970), na Dinamarca, cujos modelos propostos são utilizados até hoje e encontram-se normalizados através da ISO 7730 (1997), (International Organization for Standardization).
Com o avanço das pesquisas, muitos estudos foram realizados não mais em câmaras climatizadas, mas sim em situações reais do cotidiano, mais notadamente os realizados por Humphreys (1976), Nicol (1993), entre outros. Embora oriundas de metodologias distintas, as duas correntes de pesquisa possuem o mesmo objetivo final: A busca das condições que mais satisfaçam o homem com relação às suas sensações térmicas.
Existem vários fatores e conceitos que ajudam a qualificar as condições de trabalho de um determinado local da empresa. Um deles é o conforto térmico, que leva em conta a combinação de parâmetros: físicos (temperatura, velocidade e umidade do ar); fisiológicos (resposta do organismo humano a uma certa condição); e psicológicos (saúde mental do empregado sob esse aspecto).
Por meio dessas combinações é possível obter padrões térmicos, adequados ou não. Nesse ponto de vista, é importante destacar o papel crucial que o setor de segurança do trabalho de cada empresa deve desempenhar, identificando e contornando os possíveis riscos de origem térmica aos funcionários.
Entretanto, dimensionar e controlar com precisão os reais perigos dessa magnitude não é simples, sendo que há fatores e orientações a serem pautados para essa análise, conforme expomos a seguir. Acompanhe o texto.
Causas e consequências do desequilíbrio térmico
Há muitos segmentos industriais que possuem processos que demandam altíssimas temperaturas para serem realizados, tais como: siderurgia, metalurgia, soldagem e ramo alimentício.
Grande parte dos trabalhadores que atuam nessas áreas estão alocados em ambientes onde há uma alta emissão de radiações infravermelho e ultravioleta, ou seja, forte propagação da onda de calor elevando drasticamente a temperatura local. Esse problema se agrava em lugares nos quais o sistema de refrigeração é mal calculado, aprisionando ainda mais o calor e dificultando o arrefecimento.
Esses ambientes são considerados críticos, já que a exposição humana a uma alta taxa de calor (agravada pela falta de equipamentos de proteção individual — EPI ) é bastante prejudicial, podendo acarretar em desidratação, graves queimaduras, infertilidade masculina, problemas de visão e câncer de pele.
Normas regulamentadoras
Atualmente, três importantes normas ajudam a estabelecer parâmetros de segurança em locais nos quais a ergonomia possa ser precária, afetando as condições gerais de trabalho.
NR 17
Essa norma assegura algumas condições de conforto ao trabalhador, tais como:
- Temperatura efetiva entre 20°C a 23°C;
- Velocidade do ar inferior a 0,75 m/s;
- Umidade relativa do ar igual ou superior a 40%.
ISO 7243
A ISO 7243 busca fazer uma estimativa do estresse por calor causado nos trabalhadores, baseado no Índice de Bulbo Úmido e Temperatura de Globo (IBUTG). Oferecendo um método com grande aplicabilidade na indústria e de rápido diagnóstico.
Entretanto, é avaliado apenas o efeito do calor no corpo humano durante um período considerável de tempo, eliminando a avaliação do estresse oriundo de períodos muito curtos de exposição ao calor.
ISO 7730
Essa norma internacional tem como finalidade combinar fatores físicos com parâmetros específicos (atividade desempenhada, vestimenta usada etc.) e estimar a sensação térmica sofrida pelo trabalhador.
Uso dos EPIs
Pelo exposto, fica claro a extrema necessidade do uso adequado dos equipamentos de segurança para os trabalhadores em questão. Negligenciar os efeitos do desconforto térmico no corpo humano pode levar a sérios acidentes de trabalho e consequências irreparáveis à saúde.
Vale ressaltar os principais EPIs e medidas de segurança que ajudam a minimizar os riscos da alta exposição ao calor:
- Óculos com proteção infravermelho e ultravioleta;
- Vestimenta térmica que envolva todo o corpo (macacão);
- Luvas térmicas;
- Máscara de segurança facial;
- Respiradores com filtros específicos;
- Bota de couro;
- Enclausuramento quando possível de processos e fontes emissoras de radiação;
- Isolamento e sinalização das áreas de risco.
Trabalhar exposto a altas temperaturas têm seus perigos e consequências. Entretanto, com o uso adequado dos equipamentos de segurança, é possível encontrar o equilíbrio entre fazer tarefas de risco com segurança e garantir um adequado conforto térmico aos funcionários.