Não é de hoje que a área de Segurança do Trabalho vem se desdobrando para cumprir seu papel, seja no constante aprendizado técnico, compromisso com os EPIs e relacionamento direto com o colaborador.
As normas estão se modernizando, assim como os equipamentos de segurança que se tornam cada vez mais anatômicos e resistentes, mas e as pessoas? Acompanharam toda essa evolução?
O profissional de segurança sabe as dores e amores que é lidar com o colaborador, seja no momento de convencê-lo a usar os EPIs, seja no momento de aplicar as normas de segurança, afinal estamos lidando com seres humanos munidos de sentimentos, resistências, culturas e crenças diferentes entre si, portanto não tem como simplesmente impor o uso dos EPIS, e impor as normas simplesmente porque a empresa mandou.
Usar de algumas estratégias tem sido o recurso de muitos líderes que por meio de palestras, DDS, documentários, tem tentado sensibilizar o colaborador a aderir a segurança, seja no quesito higiene, regras ou uso dos equipamentos de segurança. Lavar as mãos sempre esteve inserido em praticamente todas as SIPATs, assim como hábitos saudáveis de alimentação, uso moderado de álcool e direção defensiva.
Os relacionamentos interpessoais são incentivados a todo instante, cumprimentar o colega, interagir, ser proativo, são apenas alguns exemplos do que é bem -vindo no ambiente organizacional. Mas e agora? Como fica alguns hábitos que já estavam inseridos no contexto empresarial?
– Lavar as mãos somente antes das refeições e após usar o banheiro;
– Usar a máscara somente quando necessário e dependendo da função;
– Cumprimentar o colega;
– Beijar no rosto quando chega e quando vai embora;
– Abraçar como gesto de carinho;
– Trabalhar próximo e muitas vezes quase colado um ao outro.
Sabemos que essa pandemia não irá durar para sempre, e que aos poucos tudo vai voltando ao normal, mas quanto tempo vai demorar para voltarmos a esse normal? Mesmo que voltemos a nossa rotina, os hábitos já estarão modificados, alguns para melhor e outros necessários.
O profissional de segurança sabe que daqui para frente seu papel de protagonista ficará cada vez mais evidente, pois a vigilância que já era grande ficará ainda maior. Se atualizar passará a ser indispensável, lidar com o fator emocional pós Covid 19 também será um desafio, pois as pessoas estarão mais abaladas, com medo e muitas vezes sem saber como agir em determinadas situações, como abraçar, cumprimentar, e até interagir.
A equipe da segurança do trabalho terá que ficar mais unida que nunca, as multidisciplinas terão que fazer um trabalho em conjunto, pois somente assim a rotina poderá ser estabelecida futuramente, mas mesmo assim, com mudanças permanentes.
Segundo a Subsecretaria de Inspeção do Trabalho (SIT) da Secretaria de Trabalho, foi estipulado que se deve ficar atento as mudanças comportamentais inseridas mediante a Covid 19 nos quesitos: higiene, práticas quanto as refeições, práticas referentes ao SESMT e a CIPA, práticas referentes aos transportes dos colaboradores, práticas referentes ás máscaras, modificações administrativas em SST, práticas referentes aos trabalhadores pertencentes ao grupo de risco.
Com todas essas mudanças, sabemos que mesmo temporárias causarão um impacto fortíssimo na nossa rotina, e a palavra da vez é adaptação. Se adaptar aos novos tempos, as novas regras de convivência, é essencial, e o colaborador que mais vai sentir tudo isso de forma negativa é justamente aquele r que sempre foi resistente ao uso dos EPIS e as regras, e que agora se vê obrigado a cumprir de forma ainda mais rigorosa.
Muitos dos trabalhadores ao fim dessa pandemia terão alguma proximidade com o covid 19, seja por experiência pessoal ou de algum familiar ou conhecido, portanto isso por si só será um fator de alerta para a modificação de alguns hábitos de forma permanente.
O que não pode acontecer é de as relações pessoais, tão importantes e necessárias para o dia a dia organizacional, serem impactadas de forma a causar um distanciamento negativo e consequentemente afetar a produtividade e bem-estar da empresa.
Nessa hora que entram os gestores, líderes de segurança, para orientar, confortar e amenizar esse momento tão incerto que vive o mundo empresarial. Tudo passa! Mas desta vez, deixando novos hábitos, esperamos que seja para melhor!
Por: Carla Verna
Psicóloga especializada em treinamentos de Saúde e Segurança do Trabalho