A história da cidade de São Paulo tem diversos episódios de desastres provocados por incêndio em prédios. Os mais famosos e terríveis são os casos dos edifícios Joelma, ocorrido em 1° de fevereiro de 1974, com 174 mortos e 300 feridos, e Andraus, em 24 de fevereiro de 1972, com 16 mortes e 345 feridos. E foram essas tragédias que levaram o Corpo de Bombeiros a buscar uma maneira de proteger pessoas e patrimônios. Foi assim, segundo o Major Denílson Aparecido Ostroski, que surgiu a Proteção Passiva contra Incêndios.
Proteção Passiva contra Incêndio, ou PPI, são soluções incorporadas ao sistema construtivo de uma edificação, formadas por um conjunto de materiais resistentes ao fogo. Segundo Ostroski, o objetivo é conter o fogo no local onde ele começou. “Além de usar materiais resistentes, também são instalados equipamentos que irão conter o foco no local de origem, evitando a propagação das chamas, calor e fumaça para outros andares, dando oportunidade para as pessoas evacuarem o prédio e também garantindo a integridade da edificação”, explica.
Como lembra Ostroski, a PPI atua de forma silenciosa e nos bastidores, o que a torna pouco conhecida da população. Mesmo os equipamentos que geralmente estão à vista, como as portas corta-fogo. “Existem compartimentações horizontais e verticais. A horizontal visa proteger o patrimônio, evitando que o fogo se alastre pelo prédio. E as verticais, de forma silenciosa, salvam vidas”, analisa.
A primeira consolidação de leis para a proteção contra incêndio em prédios no Estado de São Paulo foi o decreto estadual 20.811, de 12 de março de 1983, que “aprovou especificações para instalações de proteção contra incêndios, para o fim que especifica”. O documento visava a instalação de proteção contra incêndios com o objetivo de “fornecer um nível razoável de segurança aos ocupantes de uma edificação em caso de incêndio, bem como, minimizar as probabilidades de propagação do fogo para prédios vizinhos e diminuir os danos”.
Ostroski afirma que desde então muito se evoluiu em proteção passiva contra incêndio. “Atualmente os edifícios possuem toda a proteção estrutural em caso de incêndio, atuando diretamente na prevenção do colapso de estruturas de concreto, aço, madeira, entre outras, graças a materiais desenvolvidos com essa finalidade”. Entre as soluções de proteção passiva contra incêndio, Ostroski destaca as portas e paredes corta-fogo, shafts elétricos e hidráulicos, tintas intumescentes em estruturas metálicas e blocos de concreto, entre outros itens.
O major do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo lembra ainda que é preciso fazer uma analise de cada situação, como tipo da parede, tamanho da abertura, tipo de instalação que está passando por ela, informações necessárias para fazer a escolha correta do produto a ser utilizado, garantindo a segurança que eles oferecem. “O nível de proteção é definido de acordo com o tipo de edifício, o volume de pessoas que frequentarão o local e sua relação com o prédio. Num shopping as pessoas estão a passeio, distraídas, tem cinema, já num centro de convenções estão a trabalho e nos hospitais há grande número de profissionais, além de pessoas doentes, com dificuldade de locomoção”. “Tudo isso precisa ser analisado para se definir o nível de proteção passiva”, explica. Além disso, lembra, quanto maior o nível de proteção menor o efeito prejudicial das chamas e o local pode retornar mais rapidamente a funcionar, o que é importante, principalmente no caso de um hospital.
Por: Revista Incêndio