A Segurança na Utilização de Gruas na Construção Civil
Editor: Sandro Azevedo
Postagem: 2019-06-14T07:24:36-03:00
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Atualmente o volume de obras na construção civil vem aumentando significativamente, com a demanda por moradias impondo um forte ritmo de produção das construtoras com a verticalização das habitações nas grandes metrópoles. Com isso, tem-se exigido cada vez mais o uso de equipamentos eficientes e capazes de atender aos curtos prazos impostos à execução das obras.

Nesse contexto são necessários equipamentos que façam transporte vertical e transporte horizontal para movimentação de grandes cargas. O guindaste de torre, mais conhecido como grua, é um equipamento composto desses dois movimentos (vertical e horizontal), permite aumento de produtividade. Existem guindastes de torre com lança horizontal que dispõem de formas de movimentações específicas, classificadas em fixas ou estacionárias; ascensionais e móveis sobre trilhos.

Dados mostram que os primeiros guindastes foram inventados na Idade Antiga pelos gregos e eram movidos por homens e/ou animais de carga. Esses guindastes eram usados para construção de edifícios altos. Guindastes maiores foram desenvolvidos posteriormente, usando engrenagens movidas por tração humana, permitindo a elevação de cargas mais pesadas.

Os guindastes atuais, são de torre fixa chumbada numa base de concreto, e compostos por uma torre que sustenta uma treliça metálica (lança) horizontal, com cabos e polias que içam a carga através do gancho de levantamento. A treliça metálica possui movimento circular, nela o trole tem movimentações horizontais, esse movimento é obtido por meio de um sistema de cabos e polias localizado na parte inferior da lança (existe casos que é necessário instalar um limitador de giro). O mecanismo de suspensão oferece grande mobilidade para realizar as operações, porque o gancho pode ser erguido ou baixado em comprimentos distintos. O contrapeso é posicionado na contra-lança que se encontra na extremidade, cerca de três vezes menor que a lança, no sentido oposto. Algumas gruas possuem cabine de comando que pode estar localizada no conjunto superior. A capacidade de carga aumenta à medida que o trole (carrinho, localizado na parte inferior da lança), trabalha mais próximo da torre central.

Este equipamento pode atender às exigências de curto prazo, quando se faz um planejamento bem elaborado, com estudo de recebimentos e movimentações de cargas e materiais, além da disposição do canteiro de obra, através de critérios logísticos, para o aproveitamento máximo da grua. Quando esse planejamento não é feito, a utilização da grua pode perder seus benefícios, podendo inclusive chegar a ser desnecessária.

Quando se procura entender o funcionamento da grua, é fácil perceber a potencialidade de ocorrência de um acidente. Sua má utilização coloca em risco a segurança dos trabalhadores, riscos que ocorrem desde a instalação até a desmontagem, passando pela utilização e manutenção.

Para gruas fixas que são montadas sempre na área externa da obra, fixada em base de concreto, vantagens só podem existir com o uso adequado, através de estudos da logística do canteiro, programação da locação e desmontagem, além das interferências na fachada dos edifícios.

Nas obras que fazem uso de gruas é fundamental a presença de documentação e conteúdo programático com assuntos para um treinamento dos operadores de grua e sinaleiro/amarrador de cargas observando:

- O que é uma grua;

-  Como funciona uma grua;

- Montagem e instalação de gruas;

-  Como operar uma grua;

- Como sinalizar operações com gruas;

- Como amarrar cargas;

- Sistema de segurança;

- Legislação e Normas Regulamentadoras – NR18, NR06, NR05 e NR17;

- Glossário com as principais palavras específicas de grua.

Na Norma Regulamentadora – NR 18, o item, 18.14.3 estabelece que: “No transporte vertical e horizontal de concreto, argamassas ou outros materiais, é proibida a circulação ou permanência de pessoas sob a área de movimentação da carga, sendo a mesma isolada e sinalizada. (118.260-9 / I3)”. A falta de segurança é constante por conta da movimentação da grua, onde são possíveis os movimentos livres, horizontais e verticais, em todo o espaço térreo e aéreo e por conta da necessidade de trajetos diferentes em um curto espaço de tempo.

Na norma, este item não está direcionado para gruas, mas desde que a funcionalidade da mesma permite, deve ser atendido por esse equipamento também.

A utilização da grua deve atender aos requisitos da norma NR18, especificamente ao item 18.14.24 Gruas, o qual aponta que o equipamento deve dispor obrigatoriamente dos itens de segurança, conforme apresentado no Quadro 01.

Além de itens obrigatórios que a grua deve dispor, existem normas e instruções de segurança que são disponibilizadas pelo fabricante do equipamento para a operação. Nessas instruções, geralmente, são explicados o funcionamento, a montagem e desmontagem das gruas.

Esse equipamento possui liberdade de movimentação em um raio de 30 a 40 metros com torres que podem chegar até 130 metros, por conta dessa liberdade, isolar determinados locais para movimentações de cargas, significa perder a eficiência do equipamento.

Na prática, as movimentações são ocasionais, isto é, são realizados transportes de acordo com a necessidade, para locais distintos, percorrendo diferentes trajetos no canteiro. Por exemplo: em um mesmo dia pode-se existir a necessidade de transportar aço para a laje do edifício, transportar argamassa para um determinado andar e ainda descarregar blocos paletizados.

Para atender ao subitem 18.14.3 da NR18, onde se lê: “é proibida a circulação ou permanência de pessoas sob a área de movimentação da carga, sendo a mesma isolada e sinalizada”, deve ser feita no momento da movimentação apenas. Isso se torna complicado quando se tem um canteiro muito grande, por conta de diversas movimentações diárias. Mas, essa norma é facilmente atendida em indústrias, por possuir itinerários fixos (rotas de transportes suspensos), tornando obrigatória a proteção devida nos locais de movimentações. Daí, a necessidade de uma programação da logística do canteiro em obras.

Além da difícil adaptação da norma na construção, é constante a necessidade do aprofundamento do conhecimento dos riscos que a grua oferece, o qual pode ser feito através de treinamentos para quem trabalha dentro da obra. Em especial com o operador, que deve ser qualificado para tal serviço, conhecendo o funcionamento, as limitações da utilização do equipamento, como a carga máxima na ponta, o comprimento da lança, limitações no giro da lança e condições de trabalho com a mesma.

As interferências com o uso da grua na edificação devem ser objeto de análise técnica, por profissional habilitado, dentro do plano de cargas, com distâncias inferiores a três metros, como também sobre a área de cobertura da grua e interferência além do limite da obra. Por causa disso, o plano de cargas deve existir em obras que possuem o objeto em estudo.