Temos acompanhado, nos últimos anos, uma acentuada evolução tecnológica, onde o mundo do trabalho vem sofrendo grandes mudanças no cenário mundial, todavia, é de se lamentar que os acidentes permaneçam acontecendo, além de considerarmos o surgimento de novas doenças associadas ao estresse e à aceleração da produção nas empresas.
O impacto do coronavírus chegou para surpreender a todos, e já é um dos maiores desafios da humanidade. No início deste processo, nos deparamos com o adoecimento e a mortalidade causados pelo coronavírus em si, realidade que permanece sendo uma grande preocupação para cientistas e pesquisadores, momento esse também considerado como a primeira onda. Em segunda instância, nos deparamos com a restrição de recursos e a reorganização do sistema, que afetaram substancialmente a sociedade com outros problemas de saúde, e que ainda não conseguiram ser atendidos proporcionalmente, devido às atenções focadas ao surto ofensivo da Covid-19. Existe ainda, uma terceira onda, quando presenciamos a interrupção nos tratamentos de enfermidades crônicas, que pela natureza do que representam, exigem acompanhamento efetivo e diferenciado, que são os casos de pacientes com câncer, doenças cardíacas e respiratórias.
Alguns autores já sinalizam uma quarta onda, que ultrapassa todas as anteriores e segue em crescimento desenfreado, pois é constituída por traumas psíquicos, doenças mentais e desgastes, que atingem a sociedade em geral, inclusive por uma crise econômica que impiedosamente se instala no país.
Atingindo o Brasil, esta pandemia se soma a um triste cenário de desamparo público de assistência em saúde mental, levando-nos forçosamente à busca por soluções ainda mais íngremes, uma vez passados 30 anos de políticas inadequadas nesse contexto. Para complicar ainda mais essa situação, notamos que os avanços em psiquiatria aplicados com sucesso no serviço privado, não se comparam aos que são oferecidos pelo serviço público, conformando assim, um obstáculo para o acompanhamento clínico e a oferta de tratamento eficaz e igualitário, à uma significativa parcela da população brasileira.
A precária crença de que os cuidados com a saúde mental podem esperar para outro momento, significa atravessar a pandemia com mais dificuldade, e sofrer implicações à curto, médio e longo prazo.
Na realidade, é preciso considerar não só a questão do tratamento, mas também as medidas preventivas de combate às doenças, como os transtornos depressivos e por uso de substâncias psicoativas, portanto, investir na prevenção e no prévio diagnóstico de doenças mentais, ainda é a melhor estratégia a ser adotada.
Reduzir acidentes e o adoecimento no trabalho, exige esforços conjuntos, de diferentes setores da sociedade, onde as organizações assumem importante papel nesse universo.
“Grande parte dos acidentes acontecem pela própria “distração” dos trabalhadores, muitas vezes desprovidos de capacitação adequada, ou seja, despreparados tecnicamente e emocionalmente, e não simplesmente porque o sistema no qual foram inseridos, é, de algum modo, considerado inseguro”
Por: Sandro de Menezes Azevedo
Presidente/ASPROTEST
Diretor de Assuntos Jurídicos e de Eventos/SINTEST-SE
Segundo Secretário Geral/FENATEST