A Importância da Proteção Radiológica para a Saúde dos Trabalhadores
Editor: Sandro Azevedo
Postagem: 2020-03-25T09:41:21-04:00
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Embora a utilização das radiações ionizantes, empregada na saúde, na indústria, na pesquisa ou na geração de energia elétrica, traga grandes benefícios para a humanidade, existem riscos, se houver exposição indevida. Os efeitos causados pela interação da radiação com o corpo humano, podem variar de acordo com o tempo de exposição, e a dose de radiação a qual a pessoa foi exposta. Também deve ser considerada, a parte do corpo que teve contato com a radiação ionizante, a fim de avaliar a radiosensibilidade e outros fatores. A interação da radiação com a matéria, pode causar manifestações biológicas, denominados efeitos biológicos da radiação, que podem afetar as células, e resultar em danos na sua estrutura, mutações genéticas, modificações, ou até mesmo a morte celular.

Dependendo da dose de radiação, do dano celular, e da capacidade de reprodução das células, o organismo pode se recuperar sem que a pessoa perceba qualquer alteração biológica. Por exemplo, em uma exposição à radiação X ou gama, pode ocorrer uma redução no número de hemácias, leucócitos e plaquetas, que retornam naturalmente aos níveis normais, após algumas semanas. As manifestações biológicas acontecem quando a quantidade e a frequência da dose de radiação, começam a desequilibrar o organismo ou o funcionamento dos órgãos, acarretando em sintomas clínicos, como câncer e catarata.

A proteção radiológica, consiste no respeito às normas e limites de exposição, e são conhecimentos fundamentais para qualquer profissional da radiologia. Entre as preocupações que devem ser respeitadas para garantir a segurança da atividade radiológica, estão minimizar o tempo de exposição, e assegurar que a distância e a blindagem entre o material radioativo e a pessoa, estão corretas. Existem outras formas de proteção, como as próprias rotinas dos profissionais, os avisos de sinalização, a comunicação entre os profissionais e os pacientes, e a monitoração de exposição dos profissionais.

Todas as novas tecnologias trazem custo e também algum risco para a sociedade, e a aplicação das radiações ionizantes em contextos profissionais, como na medicina ou na indústria, não foge a essa regra. Sendo uma energia em movimento, que tem o efeito de deixar ambientes e materiais eletricamente carregados, essas radiações podem prejudicar a saúde humana quando não utilizadas apropriadamente.

Em geral, as atividades de proteção radiológica seguem quatro princípios fundamentais:

- Justificativa da prática e das exposições médicas individuais à radiação, pelo qual o benefício gerado pelo uso da radiação, se mostre maior que os danos causados por sua aplicação; e essa justificativa para exames radiológicos, deve ser feita individualmente, ou seja, considerando a necessidade de exposição e as características particulares do indivíduo envolvido;

- Otimização da proteção radiológica, que visa preservar a segurança e a saúde dos indivíduos expostos a radiação ionizante, em hospitais e outros locais em que se utilizam equipamentos de radiação, incluindo pacientes, profissionais e o público em geral;

- Limitação de doses individuais, que se aplica ao pessoal ocupacionalmente exposto à radiação ionizante, e ao público em geral, mas não a pacientes; esses limites são calculados em doses anuais, considerando a grandeza das doses efetiva e equivalente, e o órgão do corpo humano afetado pela radiação;

- Prevenção de acidentes em locais de trabalho, com riscos considerados e analisados no projeto das instalações, e dos equipamentos, e nos procedimentos de trabalho que envolvam o uso de fontes de radiação, ou material radioativo, de modo a minimizar a probabilidade de ocorrência de acidentes.

Entidades que determinam normas de proteção radiológica

Princípios gerais de regulamentação do uso da energia atômica e de suas aplicações tecnológicas, são orientados em todo o mundo, pela Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), entidade criada em 1957 e ligada à Organização das Nações Unidas (ONU), que atua como um fórum técnico-científico de cooperação intergovernamental.

No Brasil, o controle sobre a utilização de fontes de material radioativo é de responsabilidade da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), ligada ao Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. Ele é feito por meio de normas que autorizam o funcionamento e orientam inspeções em centros de radioterapia, laboratórios de medicina nuclear, plantas industriais e outros locais em que se utilizam fontes de radiação.

Além da CNEN, outros órgãos nacionais, como os ministérios da Economia, através da sua Secretaria de Previdência e Trabalho, e o Ministério da Saúde, também determinam e fiscalizam normas específicas sobre o tema, regulamentando, por exemplo, respectivamente, o uso de raios-X para fins de diagnóstico e terapia na medicina, e o uso de materiais perigosos em atividades profissionais de setores da indústria.

Mas além das normas, regulamentos e outros instrumentos legais, imprescindíveis para o bom funcionamento dos serviços e equipamentos que envolvem radiações ionizantes, é importante observar que o uso adequado dessa tecnologia só é possível a partir da implantação e disseminação de uma cultura de radioproteção junto à sociedade, o que envolve também ações educativas, orientação de profissionais e divulgação científica.

O uso de diagnostico por imagem, é de extrema importância para conclusões precisas, exatamente por fornecer resultados com definições cada vez mais perceptíveis. Essa prática pode acarretar em danos irreversíveis ao paciente, pela exposição à radiação ionizante, e no setor de ressonância magnética, principalmente aqueles portadores de objetos metálicos. Visando minimizar ou eliminar os riscos associados às radiações, diversas ações de segurança devem ser adotadas. Tais como, aplicação de questionário para triagem ao paciente, a utilização dos EPI´s e EPC´s adequados, a blindagem das salas de exame, dentre outros.