Perigos Associados às Substâncias Químicas: Substâncias Tóxicas
Editor: Sandro Azevedo
Postagem: 2020-04-12T10:56:09-03:00
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São substâncias capazes de provocar a morte ou danos à saúde humana se ingeridas, inaladas ou por contato com a pele, mesmo em pequenas quantidades.

As vias pelas quais os produtos químicos podem entrar em contato com o nosso organismo são três: inalação, absorção cutânea e ingestão. A inalação é a via mais rápida de entrada de substâncias para o interior do nosso corpo e a mais comum. Já com relação a absorção cutânea, podemos dizer que existem duas formas das substâncias tóxicas agirem. A primeira é como tóxico localizado, onde o produto em contato com a pele, age na sua superfície provocando uma irritação primária e localizada.

E a segunda forma, é como tóxico generalizado, quando a substância tóxica reage com as proteínas da pele, ou mesmo penetra através dela, atinge o sangue e é distribuída para o nosso organismo, podendo atingir vários órgãos.

Apesar da pele e a gordura atuarem como uma barreira protetora do corpo, algumas substâncias como ácido cianídrico, mercúrio e alguns defensivos agrícolas, têm a capacidade de penetrar através da pele.

Quanto à ingestão, esta é considerada uma via de ingresso secundário, uma vez que tal fato somente ocorrerá com menor frequência. Em função do alto risco apresentado por esses produtos, durante as operações de atendimento a emergências é necessária a utilização de equipamentos de proteção respiratória. Considerando que muitos produtos não apresentam odor, é fundamental que nas operações de emergência sejam realizados constantes monitoramentos da concentração dos produtos na atmosfera.

Os resultados obtidos nestes monitoramentos poderão ser comparados com valores de referência conhecidos, como por exemplo a concentração IPVS que é o valor imediatamente perigoso à vida ou a saúde.

Evidentemente tais materiais são também tóxicos para a vida aquática e podem causar severas contaminações aos corpos d’água, devendo ser dada atenção especial àqueles utilizados para recreação, irrigação, dessedentação de animais e abastecimento público.

Toxidade à Pele 

A pele é um dos órgãos mais extensos do corpo humano e representa cerca de 10% do peso corpóreo. É um contribuinte importante da função, metabolismo e integridade do organismo como um todo. Tem grande importância como um órgão de interface com o meio externo e constitui uma barreira e uma zona de transição entre o meio interno e o meio externo. Suas principais funções são a proteção e a preservação dos constituintes e composição do conteúdo do organismo.

A pele é constituída de três camadas principais: a epiderme, a mais externa, composta de tecido epitelial, a derme, constituída de tecido conjuntivo e a hipoderme que é a camada mais interna, de espessura variável contendo tecido adiposo e conectivo. A epiderme é a principal barreira da pele para a água, eletrólitos, outras substâncias químicas e resistência elétrica e também proporciona certa resistência mecânica. No nível da derme situam-se os órgãos cutâneos – glândulas sudoríparas, folículos pilosos e poros.

Existem diferenças significativas da pele de uma região para outra do corpo. A espessura da epiderme varia consideravelmente, no entanto é de aproximadamente 0,06 mm em quase todo o organismo. Nas palmas das mãos e plantas dos pés podem ser muitos milímetros mais espessa.

A distribuição e atividade dos órgãos cutâneos, dos sistemas vascular e nervoso e outras características também variam consideravelmente. Estas diferenças estruturais refletem nas diferenças funcionais, como por exemplo na penetração e absorção de substâncias químicas.

Penetração e absorção pela pele

Uma substância química pode entrar em contato com o organismo pela via cutânea e exercer uma ação local (por exemplo, irritação ou necrose) ou ser absorvida e provocar uma resposta geral (sistêmica). Vale lembrar, que o que se entende por absorção é a passagem da substância química do meio exterior para a corrente sanguínea.

Reações tóxicas da pele

As reações tóxicas produzidas pelo contato com substâncias químicas são, resumidamente, as seguintes:

a) Resposta irritante: o termo “irritante à pele”, refere-se, de forma geral, à substância que produz uma resposta inflamatória cutânea local (dermatite) pela ação direta à pele, sem o envolvimento de um mecanismo imunológico. A resposta irritante pode ser dividida em:

- Irritação aguda: é uma resposta inflamatória cutânea local reversível da pele normal causada pela ação direta de um único contato com a substância tóxica, sem o envolvimento de um mecanismo imunológico.

- Irritação cumulativa: é uma irritação reversível resultante de exposições repetidas ou contínuas às substâncias que por si só não causam irritação aguda.

- Corrosão: é uma ação química direta à pele normal que resulta em sua desintegração e alteração irreversível no local de contato. A corrosão de manifesta pela ulceração e necrose com consequente formação de cicatriz.

- Fototoxicidade (fotoirritação): irritação resultante de alterações moleculares na estrutura de substâncias químicas aplicadas à pele, induzida pela luz.

b) Resposta alérgica: dermatites de contato alérgicas ocorrem como resultado de reações imunológicas. As substâncias aromáticas com pesos moleculares menores que 500 são alergênicos muito potentes.

c) Fotossensibilização: resultante da exposição da pele à radiação ultravioleta, no entanto, substâncias químicas absorvidas localmente pela pele ou reagindo com a pele através da circulação sistêmica, também podem ser a causa de reações fotoquímicas da pele, tornando a mesma fotossensível ou alterando os aspectos patológicos da luz.

d) Acne química, incluindo cloroacne: as acnes químicas são lesões similares àquelas encontradas na acne vulgar, produzidas por um grande número de substâncias, tais como gorduras e óleos, creosoto e “coal tar”. A cloroacne é um tipo mais específico de erupção em razão da intoxicação por compostos aromáticos halogenados com uma forma molecular específica. Dentre estes, encontram-se os dibenzofuranos polihalogenados, as dibenzodioxinas policloradas, policloronaftalenos e as bifenilas polihalogenadas.

e) Outras reações cutâneas: são conhecidos muitos outros tipos de reações tóxicas da pele em razão das alterações na pele serem visíveis. Elas são agrupadas de acordo com a morfologia observada. São as seguintes: dermatites físicas, urticárias, granulomas cutâneos, queda ou danos aos cabelos, hipopigmentação, hiperpigmentação e câncer de pele.

Níveis de proteção

As equipes de atendimento às emergências devem utilizar os equipamentos de proteção individual sempre que houver a possibilidade de contato com substâncias perigosas que possam afetar a sua saúde ou segurança. Isso inclui vapores, gases ou partículas que podem ser geradas em virtude das atividades no local do acidente promovendo, desta forma, o seu contato com os técnicos. A máscara facial dos equipamentos autônomos de respiração protege os pulmões, aparelho gastrintestinal e os olhos contra o contato com tais substâncias. As roupas de proteção contra produtos químicos protegem a pele do contato com substâncias que podem destruir ou ser absorvidas pela pele.

A higiene pessoal limita ou ajuda a prevenir a ingestão de produtos químicos. Os equipamentos destinados a proteger o corpo humano contra o contato com produtos químicos conhecidos foi dividido, pelo americanos (NFPA 471), em quatro níveis de acordo com o grau de proteção necessário:

Nível A

Deve ser utilizado quando o mais alto índice de proteção respiratória da pele e dos

olhos for necessário. É composto de:

- Aparelho autônomo de respiração com pressão positiva ou linha de ar mandado;

- Roupa de encapsulamento completa;

- Luvas internas, externas e botas resistentes a produtos químicos;

- Capacetes internos à roupa;

- Rádio interno à roupa.

Nível B

Deve ser utilizado quando o mais alto índice de proteção respiratória for necessário, porém a proteção para a pele encontra-se num grau inferior. É composto de:

- Aparelho autônomo de respiração com pressão positiva;

- Roupa de proteção contra respingos químicos confeccionadas em 1 ou 2 peças;

- Luvas internas e botas resistentes a produtos químicos;

- Capacete;

- Rádio.

Nível C

Deve ser utilizado quando se deseja um grau de proteção respiratória inferior ao Nível B, porém com proteção para a pele nas mesmas condições. É composto de:

- Aparelho autônomo de respiração (sem pressão positiva) ou máscara facial com filtro químico;

- Luvas internas, externas e botas resistentes a produtos químicos;

- Capacete;

- Rádio.

Nível D

Deve ser utilizado somente como uniforme ou roupa de trabalho e não em locais sujeitos a riscos ao sistema respiratório ou à pele. Este nível não prevê qualquer proteção contra riscos químicos. É composto de:

- Macacões, uniformes ou roupas de trabalho;

- Botas ou sapatos de couro ou borracha resistentes a produtos químicos;

- Óculos ou viseiras de segurança;

- Capacete.

Fonte: CETESB