As infecções das vias aéreas superiores estão entre as doenças infecciosas mais comuns na população. Atingem pessoas de todas as idades, principalmente crianças e idosos.
Didaticamente, as vias aéreas podem ser divididas em vias aéreas superiores e inferiores. As vias aéreas superiores incluem o nariz, a faringe, a laringe e os seios paranasais. O nariz é o primeiro local de passagem do ar, no trajeto em direção aos pulmões. Do nariz, o ar passa para a faringe e pela laringe até chegar à traquéia. Os seios paranasais, também denominados seios da face, são cavidades presentes nos ossos da face e que tem contato com o sistema respiratório. As vias aéreas inferiores começam na traquéia e também incluem os brônquios, bronquíolos e os pulmões.
As infecções de vias aéreas superiores podem ser causadas por vírus ou bactérias. Cerca de 80% das infecções são causadas por vírus, enquanto que apenas 20% são causadas por bactérias. Os principais sintomas dessas infecções são: tosse, coriza, dificuldade para respirar, dor de garganta e febre. Estas infecções se espalham rapidamente pelo contato com pessoas doentes, que liberam os microrganismos pela saliva e secreção nasal. O contato das secreções com as mãos e destas com o rosto é um meio importante de disseminação. Durante os meses mais frios, como as pessoas tendem a ficar aglomeradas em locais fechados, a propagação das infecções é ainda maior.
O que é resfriado comum?
Resfriado comum é a infecção mais comum das vias aéreas superiores, principalmente entre as crianças pequenas. Crianças com menos de 5 anos costumam ter de 6 a 12 resfriados por ano. Já os adultos têm de 3 a 5 episódios ao ano.
Esta infecção pode ser causada por vários tipos de vírus e atinge, principalmente, o nariz, os seios da face e a faringe. O principal agente causador do resfriado comum é o rinovírus. Mas existem vários outros vírus capazes de provocar esta doença, como o vírus parainfluenza, o adenovirus e o vírus sincicial respiratório.
A contaminação se dá principalmente por meio das mãos e das gotículas produzidas durante a tosse e o espirro. Os principais sintomas são: febre (geralmente abaixo de 38ºC), espirros, coriza, obstrução nasal, tosse seca e dificuldade para alimentar. Algumas vezes também podem ocorrer diarreia e vômitos.
O resfriado comum é uma doença benigna. Tende a melhorar espontaneamente em 5 a 7 dias. Entretanto, algumas vezes o resfriado comum pode complicar-se e evoluir para uma infecção bacteriana. O tratamento visa ao controle dos sintomas. Uma medida muito útil é a ingestão de grandes quantidades de líquidos, para ajudar a eliminar as secreções. Além disto, é importante usar roupas leves e ficar em ambientes com boa ventilação. Em caso de febre, deve-se usar medicamentos antitérmicos. A aplicação de gotas de soro fisiológico no nariz pode auxiliar a aliviar a obstrução nasal.
Os antibióticos não devem ser utilizados no tratamento do resfriado comum, uma vez que a doença é causada por vírus. Além de não ajudar, o uso inapropriado de antibióticos pode eliminar bactérias que vivem normalmente no nosso corpo e que ajudam a proteger contra algumas infecções.
Resfriado comum é o mesmo que gripe?
Não. A gripe é uma doença causada por um tipo específico de vírus, denominado influenza. Ao contrário do resfriado comum, a gripe não se restringe apenas às vias aéreas superiores, podendo atingir as vias aéreas inferiores. A intensidade e a gravidade da infecção são muito variáveis.
A gripe ocorre principalmente durante o inverno. É uma infecção muito contagiosa e se espalha da mesma forma que o resfriado comum, ou seja, através das mãos contaminadas por secreções produzidas pela pessoa doente, bem como pela liberação de gotículas durante a tosse e o espirro.
Ao contrário do resfriado comum, na gripe ocorre febre alta, de até 40ºC, e calafrios. Além disto, outras partes do corpo podem ficar doloridas, podendo ocorrer dor de cabeça, dor no corpo e nas articulações. Também é comum haver intolerância à luz e lacrimejamento. O acometimento das vias aéreas superiores é percebido pela presença de coriza, tosse, dor de garganta e obstrução nasal. Além disto, as vias aéreas inferiores também podem ser atingidas, o que resulta em tosse e dificuldade para respirar.
Nas pessoas idosas e nas gestantes, a gripe pode evoluir de forma mais grave, podendo até mesmo resultar em pneumonia. Por isso, é recomendada a vacinação contra a gripe em pessoas idosas.
O que é sinusite?
Sinusite é a infecção dos seios paranasais. Os seios paranasais são cavidades presentes nos ossos do rosto. Estas cavidades têm comunicação com as cavidades nasais.
A infecção dos seios paranasais pode ser causada por vírus ou bactérias. Os sintomas da sinusite começam como um resfriado que demora a melhorar, durando mais de 10 dias. Pode aparecer mau hálito e tosse, principalmente à noite. O sintoma típico da sinusite é a dor de cabeça que se intensifica quando se abaixa a cabeça. A febre pode ou não ocorrer.
O diagnóstico de sinusite é feito pelo exame médico. É muito importante a avaliação do médico para confirmar a presença de sinusite e definir se a infecção é causada por vírus ou bactéria. Neste último caso, deve ser feito tratamento específico com antibióticos.
Outras medidas que ajudam no tratamento da sinusite são:
- Repouso;
- Umidificação do ambiente;
- Uso de medicamentos analgésicos e antitérmicos, em caso de dor ou febre.
Em geral, a sinusite tende a evoluir de forma favorável, quando é realizado tratamento adequado.
Infecções virais geralmente afetam o trato respiratório superior ou inferior. Embora essas infecções possam ser classificadas conforme os vírus (p. ex., influenza), em geral são classificadas clinicamente de acordo com a síndrome (p. ex., resfriado comum, bronquiolite, crupe). Embora patógenos específicos com frequência produzam manifestações clínicas características (p. ex., rinovírus tipicamente provoca resfriado comum, vírus sincicial respiratório [VSR] tipicamente provoca bronquiolite), cada um é capaz de provocar muitas das síndromes respiratórias virais ( Causas das síndromes respiratórias virais comuns).
A morbidade pode resultar diretamente de infecção viral ou ser indireta, em razão da exacerbação de condições cardiopulmonares subjacentes ou superinfecção bacteriana de pulmões, seios paranasais ou orelha média.
Diagnóstico
A detecção de patógenos virais por reação em cadeia de polimerase (PCR, polymerase chain reaction), cultura, ou sorologia é geralmente muito lenta, não sendo útil no cuidado do paciente, mas importante para a vigilância epidemiológica (i. e., identificação e determinação de um surto). Testes diagnósticos mais rápidos estão disponíveis para influenza e VSR, mas sua utilidade para cuidados de rotina não está clara; devem ser reservados para situações nas quais o diagnóstico específico patogênico afete o tratamento clínico. A conduta normalmente baseia-se em dados clínicos e epidemiológicos.
Tratamento
O tratamento das infecções respiratórias virais com frequência é de suporte. Drogas antibacterianas são ineficazes contra patógenos virais e a profilaxia contra infecções bacterianas secundárias não é recomendada. Antibióticos devem ser administrados somente quando houver desenvolvimento de infecções bacterianas secundárias. Em pacientes com doença pulmonar crônica, podem ser administrados antibióticos com menos restrição.
O ácido acetilsalicílico não deve ser usado em pacientes com ≤ 18 anos de idade e que tenham infecções respiratórias, por causa do risco da síndrome de Reye.
Alguns pacientes continuam a tossir durante semanas após o desaparecimento de uma infecção da via respiratória superior; esses sintomas podem diminuir com um broncodilatador inalável ou corticoides.
Em alguns casos, as drogas antivirais exercem uma função. Amantadina, rimantadina, oseltamivir e zanamivir são eficazes contra influenza. Ribavirina, uma guanosina analóga que inibe a replicação de muitos vírus de ácido ribonucleico (RNA, ribonucleic acid) e ácido desoxirribonucleico (DNA, desoxyribonucleic acid), pode ser considerada em pacientes gravemente imunocomprometidos com infecção do trato respiratório decorrente de VSR. Palivizumabe, um anticorpo monoclonal para a proteína de fusão VSR, é utilizado para prevenir infecção por VSRem alguns recém-nascidos de alto risco.