Estima-se que exista no Brasil, perto de um milhão de trabalhadores em frigoríficos. Tomando-se por base os frigoríficos do Rio Grande do Sul, há um percentual de mais de vinte por cento de trabalhadores acidentados e um contingente de trabalhadores correspondente a 8% deste montante.
Em uma pesquisa realizada pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), detectou-se que o afastamento de 20% da mão de obra em frigoríficos gaúchos ocorreu devido a doenças relacionadas ao trabalho.
Conforme a pesquisa, o ambiente frio e úmido gera depressão em 20% deste total de afastados por doenças e/ou acidentes.
Em outra pesquisa realizada em vários frigoríficos do Brasil, pela Organização Não Governamental (ONG), Repórter Brasil, denominado “Moendo Gente”, constatou-se que, no abate de aves, a chance de um trabalhador desenvolver um transtorno de humor, como uma depressão, é 3,41 vezes maior do que em qualquer outro ramo da indústria, porem no setor bovino e suíno, a proporção não se diferencia muito do frango.
Em 2016, a depressão afastou mais de 75 mil pessoas do trabalho e também já aposentou mais de 97 mil pessoas por invalidez. No entanto, esses números podem ser muito maiores, à medida que os patrões procuram ocultar, em seus relatórios boa parte dos acidentes e doenças ocupacionais dentro de suas fábricas, principalmente pelo não fornecimento do Comunicado de Acidentes do Trabalho (CAT).
De acordo com o Ministério da Previdência Social (MPS), os transtornos psicológicos aparecem como consequência das lesões. Conforme o mesmo órgão, isso ocorre pelo sentimento de culpa e sensação de inutilidade que o trabalhador desenvolve pela perda da capacidade de trabalho, por causa das lesões já sofridas.
No entanto, apesar da constatação, na maioria das vezes o trabalhador diagnosticado e, confirmada a enfermidade, o funcionário é obrigado a trabalhar sob o efeito de medicamentos fortes (tarja preta), com possibilidade de agravar ainda mais seu estado de saúde.