Bem-Estar e Saúde no Trabalho: Uma Conquista Sólida, Porém Ainda Distante
Editor: Sandro Azevedo
Postagem: 2021-06-12T20:25:45-03:00
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Desde que estejamos conscientes de que o trabalho é uma marca significativa para o desenvolvimento das potencialidades humanas, e que garantir o bem-estar e a saúde dos que se empenham através do trabalho, na garantia da manutenção econômica e na construção dos pilares produtivos de uma organização, podemos nos considerar de fato, profissionais comprometidos com a humanização da cultura prevencionista, seja no despertamento para novos valores conceituais, no aprimoramento da qualidade técnica presente na base de qualquer fundamento ou formação profissional adquiridos, ou mesmo na transformação  dos modelos comportamentais comumente utilizados, em elos capazes de comporem práticas realmente seguras e saudáveis.

Os prelúdios constitucionais da dignidade humana e da valorização do trabalho, aliados ao dispositivo também gravado na Carta Magna, de proteção ao trabalho penoso, demandam ações concretas e efetivas para que se traduzam em bem-estar do trabalhador, exigindo ainda, incansável empenho, a fim de que não se reflitam como mera matéria jurídica, em dissonância com a realidade social de nossos dias.

As contradições e particularidades que são atributos marcantes do ser humano, são também marcadores do contexto da qualidade de vida e saúde do trabalho, ou seja, alguns trabalhadores, inevitavelmente, vão adoecer, porém outros não, alguns terão a sua qualidade de vida decaída ao passo que outros terão progresso, mesmo sendo submetidos às mesmas condições de trabalho; alguns profissionais irão conseguir se adaptar e superar as dificuldades mais facilmente que outros, e isso irá depender das dimensões e especificidades de cada indivíduo, sendo a identificação e análise dessas dimensões, um passo indispensável para um maior conhecimento da área, amadurecimento conceitual, bem como, de futuras propostas de intervenção.

As condições de trabalho, é certo que podem afetar o bem-estar do trabalhador, mas até que ponto estamos preparados para compreender esta condição, como uma simbiose entre o meio ambiente ocupacional e a disposição física, emocional, psicológica e profissional do indivíduo, para encarar os desafios durante a operacionalização de determinados processos e práticas?

Talvez o simples cumprimento de normas, no que cabe às condições gerais estabelecidas para a realização de uma atividade específica, não consiga atender as necessidades pontuais de todos trabalhadores nela envolvidos, visto que estes, apresentam condições singulares, e em muitas situações, necessitam de um cuidado mais refinado, considerando a viabilidade para se atender condições isoladas. Mas como estabelecer critérios tão específicos no cumprimento de regras tão gerais?

Inúmeras variáveis são imprescindíveis nesse contexto, dentre elas, a eficiência dos exames médicos ocupacionais, considerando as reais condições de saúde desses trabalhadores, o que na prática, tem deixado muito a desejar; o acompanhamento de especialistas capazes de identificar o limite entre a eficiência natural de um processo, e as condicionantes reguladoras para uma psicologia ocupacional positiva; e as possíveis diversidades adaptativas existentes entre esses profissionais, mesmo considerando que o cumprimento de regras básicas, e a adequação de normas vigentes, já estejam sendo aplicados.

Em uma pesquisa realizada em 2018, “Tendências Globais de Capital Humano, A ascensão da Empresa Social”, 43% das empresas disseram que programas para otimizar a qualidade de vida reforçam a missão e os valores empresariais, 60% acreditam que tais práticas ajudam na retenção dos funcionários, e 61% disseram que ocorre a melhoria da produtividade e dos resultados financeiros. Quantos afinal consideraram a qualidade de vida como reflexo de um trabalho seguro, saudável e sustentável?

As organizações, de modo geral, estão se reconduzindo, e naturalmente, revendo determinados conceitos obsoletos, estimuladas naturalmente, por novas demandas, automação e tecnologia. Muito além da contribuição para o aumento da produtividade, o bem-estar no trabalho é uma tendência global, e que vem oferecer uma maior competitividade às organizações que aplicarem suas práticas antes dos seus concorrentes.

Enfim, para que tudo isso venha ser compreendido, é prioritário o conhecimento das bases necessárias para a obtenção de resultados realmente satisfatórios, mas infelizmente, sem que haja um olhar multidirecional sobre o trabalhador, e as reais condições enfrentadas pelo mesmo nas inúmeras organizações do país, permaneceremos limitando equivocadamente o bem-estar daqueles que realmente se arriscam, se desgastam, e adoecem continuadamente para a manutenção do estado brasileiro.

 

Por: Sandro de Menezes Azevedo

Presidente/ASPROTEST

Segundo Secretário Geral/FENATEST

Idealizador/SAFENATION BRASIL