Abril Verde: Maturidade e Autodisciplina Motivacional
Editor: Sandro Azevedo
Postagem: 2022-04-16T20:00:54-03:00
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As questões culturais,  podem, simultaneamente, transformar-se em entraves ou obstáculos significativos, para as mudanças requeridas quando da implementação de um Sistema de Gestão de Segurança do Trabalho (SGST). Portanto, conhecer a maturidade da cultura existente numa empresa, é essencial para a formulação de planos de mudanças, quando necessários. Uma cultura de segurança, uma vez estabelecida, é fundamental para o afloramento, o sucesso, e o bom desempenho social, pois, é considerando a existência de uma cultura de segurança ampliada, que as atitudes e os comportamentos individuais, relativos à segurança, se desenvolvem e se autossustentam.

Por esta razão, com o passar dos anos, o conceito de cultura de segurança, tem merecido uma certa atenção, mais precisamente, em quesitos muito peculiares, que não apenas garantem o regramento de processos operacionais seguros, como também, promovem novas formas de dimensionamento comportamental para a sociedade, permitindo assim, que a segurança, a saúde, e a vida, tornem-se premissas garantidas, no complexo universo das organizações.

A abordagem integrada das questões de segurança do trabalho, ambiente e cultura, representa na atualidade, um grande desafio para melhorar os ambientes de trabalho, e reduzir acidentes. Por outro lado, um sistema de produção, qualquer que seja ele, não é sustentável quando o ambiente em que os trabalhadores exercem suas atividades, não é seguro e saudável, cause mortes, mutilações e doenças da força de trabalho. Para se obter satisfatoriamente, uma sadia qualidade de vida, o homem precisa conviver em um ambiente ecologicamente equilibrado, sendo que uma das unidades principais desse conjunto, é o ambiente do trabalho, no qual este elemento passa a maior parte do seu dia útil. O ambiente de trabalho está inserido no ambiente geral, de modo que é impossível atingir um ambiente equilibrado e sustentável, ignorando o ambiente de trabalho, como não se pode pleitear qualidade de vida, sem que se garanta qualidade no trabalho.

Alguns pesquisadores, à exemplo de Glendon e Stanton, Silva e Lima, consideram a cultura de segurança, uma particularidade da cultura organizacional. Para estes pesquisadores, a cultura de segurança existe na organização, quando a cultura organizacional prioriza a segurança do trabalho, ou possui aspectos que a impactam. Trazendo isso para o Brasil, podemos questionar, em qual nível cultural se encontram as organizações brasileiras? Quais subsídios se fazem promissores no cumprimento de normas e  procedimentos, que possam estar intimamente ligados à esta cultura?

As atitudes e percepções, são como as pessoas sentem a organização, e estão relacionadas com o indivíduo; os comportamentos e as ações, são o que as pessoas fazem na organização, e estão relacionadas ao trabalho; e o Sistema de Gestão de Segurança, é constituído de políticas, procedimentos, sistemas de controle, fluxos de informações, etc., e esse está relacionado à organização.  As atitudes e percepções, não são fatores observáveis, pois se encontram no campo subjetivo do indivíduo, enquanto que o comportamento, as ações, e o SGST, são aspectos objetivos, possíveis de serem observados. Como estes aspectos podem ser mensurados diretamente, é possível também mensurar a cultura de segurança de forma significativa em diferentes estágios organizacionais.

Partindo desta abordagem, devemos considerar a importância da comunicação para uma cultura de segurança positiva e reacionária, além da confiança dos empregados, nas medidas preventivas adotadas pelos empregadores, e na relevante participação dos Estados e dos seus respectivos órgãos competentes, envolvidos com esta temática, logicamente pactuada, através da conscientização dos seus governantes.

É nesta receita, que incluímos um novo ingrediente: o Abril Verde, como movimento disciplinar e conscientizador, quebrando paradigmas, e trazendo à tona um novo conceito de segurança e prevenção, mobilizando toda uma sociedade, nos princípios balizadores da prevenção de acidentes e adoecimentos ocupacionais. “Precisamos considerar os fatores indicativos da nossa maturidade, todavia, não existe um grupo definido de indicadores para o quesito prevenção”, assim pensamos.

Desta forma, o conhecimento do estágio de maturidade da cultura de segurança, é condição essencial para adotarmos medidas eficazes para o sucesso deste movimento.

Através de um minucioso estudo literário, chegamos aos cinco fatores mais frequentes para o avivamento desta maturidade a ser alcançada, através de uma conscientização de base, capaz de estabelecer padrões seguros na vida dos nossos trabalhadores:

Informação: É a confiança dos indivíduos na organização para relatar os erros, os acidentes e os incidentes ocorridos. Aspecto essencial para construir uma cultura;

Aprendizagem organizacional: É a forma como a organização trata as informações, como é feita a análise dos acidentes e dos incidentes, se são propostas ações de melhoria, se são implementadas, se os empregados são informados sobre estas ações, e se há busca contínua de melhoria nos processos, visando à garantia da segurança no Trabalho;

Envolvimento: É a participação dos empregados nas questões de segurança, como na análise dos acidentes e incidentes que lhe diz respeito, na identificação e análise dos riscos do ambiente de trabalho, nas propostas de ações para melhoria da segurança do trabalho, e sua implementação, na elaboração e revisão dos procedimentos relacionados com sua atividade, no planejamento das mesmas, e na participação efetiva em comitês de segurança, encontros, etc;

Comunicação: É a forma, a conveniência, e a oportunidade que se dá à comunicação, sobre os temas relativos à segurança do trabalho, e se há um canal aberto de comunicação, entre os empregados e superiores hierárquicos. Ressalta também, se essa comunicação chega aos empregados, se é compreendida por eles, e se a organização monitora a efetividade deste veículo de comunicação.

Comprometimento: É evidenciado pela proporção de recursos (tempo, dinheiro, pessoas) e suportes alocados para a gestão da segurança do trabalho, pelos status da segurança do trabalho em relação à produção, pela existência de um Sistema de Gestão da Segurança do Trabalho, em que constam a visão e objetivos da organização, definição de responsabilidades,  políticas de treinamento e qualificação, procedimentos, recompensas, sanções e auditorias. O verdadeiro comprometimento, significa mais que políticas escritas, e muito mais que menções em discursos, é necessário que exista coerência entre as palavras e os exemplos praticados.

Ao nosso ver, o Abril Verde, é muito mais que uma simples campanha de conscientização nacional. O intuito, mais do que nunca, é nos concentrarmos lucidamente, em um conjunto de práticas e ações articuladas, que alertem e mobilizem a sociedade para as questões da segurança no seio das organizações, além de promovermos uma disciplina moral no combate aos acidentes, em todos os níveis de ensino, através da mundialização de ações e de uma cultura de prevenção cada vez mais assertiva. Um momento para novas estratégias e ações, que, sem dúvida, serão capazes de mobilizar a sociedade para a reformulação de práticas, e a inserção de novos modelos de gestão de segurança, além de promover a valorização profissional dos Serviços Especializados em Segurança e Medicina do Trabalho.

" O maior movimento não é aquele que reúne o maior número de pessoas, mas aquele capaz de transformar um pensamento em um manual de vida..."

 

Sandro de Menezes Azevedo

Presidente/SINTEST-SE

Presidente/ASPROTEST

Segundo Secretário Geral/FENATEST