Todos os dias colaboradores e empresas combatem os acidentes de trabalho que podem acontecer. Mas mesmo com esse trabalho de prevenção os acidentes se repetem, muitas vezes, até de forma semelhante e por isso é preciso entender o fator humano.
Uma forma de combater essas situações é através da implantação de regulamentos mais rigorosos, processos automatizados, a utilização de sistemas de gerenciamento de segurança e as investigações sobre acidentes, porém muitas vezes essa ações não são suficientes.
O mesmo serve para soluções técnicas, modelos de negócios, estratégia corporativa, regras e regulamentos que podem ajudar uma empresa a melhorar a segurança e o desempenho dos colaboradores, mas raramente funcionam no dia a dia.
Acompanhe aqui a primeira parte sobre a influência do fator humano na gestão de segurança.
O Fator Humano
Essa expressão é utilizada para descrever a interação de pessoas umas com as outras, com equipamentos e instalações, e com sistemas de gestão. Também é utilizada para descrever como essas interações sofrem influencias de um determinado ambiente de trabalho e sua cultura.
Para evitar incidentes e minimizar os riscos é preciso entender os fatores que influenciam as tomadas de decisões dos colaboradores. Para compreender as causas dos incidentes é necessário focar nos comportamentos, características, capacidades, assim como o desenvolvimento de uma cultura de segurança sustentável.
Para conseguirmos realizar uma mudança radical na segurança, é preciso ir além da abordagem tradicional. E é aí que surge a Gestão de Segurança Comportamental.
Gestão de Segurança Comportamental
A Gestão de Segurança Comportamental estabelece um método que pode ajudar a criar um entendimento da cultura de trabalho dos colaboradores.
- As empresas devem estabelecer expectativas sobre o comportamento dos funcionários no local de trabalho.
- Instaurar um processo para monitorar ações e comportamentos para garantir boas práticas de trabalho padronizadas.
- Realizar um feedback para reforçar ou modificar alguns comportamentos.
A taxa de efetividade dessas ações cresce quando a empresa aplica em forças de trabalho remotas, distribuídas ou auto-orientadas. Caso ocorra algum comportamento de risco aconteça e não há um feedback consistente, ou até mesmo imediato, a efetividade das ações perde força.
Sentimentos e emoções influenciam nosso comportamento
Hoje já há um entendimento que sentimentos e emoções são uma fonte primária de motivação. É um novo ponto de vista sobre o motivo pelo qual as pessoas podem reagir irracionalmente em algumas situações.
A aplicação desse pensamento na área de segurança e saúde do trabalho é nova e pode ter a resposta para alguns dos maiores desafios sobre o comportamento dos colaboradores.
É simples: A grande maioria das práticas de segurança tem sua base orientada pela lógica, mas a grande maioria dos comportamentos humanos não é. Os comportamentos em sua maioria são intuitivos, sendo uma resposta afetiva a determinada situação.
Para entender melhor como os sentimentos podem ditar nossas ações, vamos conferir alguns importantes fatores:
- Vivemos em um ambiente de constante mudança.
- Processamos e monitoramos situações de riscos ou recompensas intuitivamente por meio de sentimentos ou emoções.
- Somos extremamente eficientes em gerenciar uma enorme quantidade de informações.
Sendo assim, como é possível determinar na nossa consciência o que é mais importante e merece mais atenção? Simples, todo esse processo é influenciado por experiências prévias.
Entender o fator humano na segurança é importante para que as empresas consigam traçar uma estratégia de segurança que possam minimizar os riscos presentes no ambiente de trabalho.
Na terça-feira você viu a primeira parte sobre o fator humano na segurança. Hoje vamos acompanhar agora a segunda parte e entender um pouco mais sobre o tema.
Comportamento de risco baseado em experiências
Entender as experiências é fundamental analisarmos os comportamentos de risco que ocorrem e quais medidas nós podemos tomar.
Quando comparamos os benefícios da nossa ação com possíveis prejuízos, como, por exemplo, dirigir em alta velocidade na estrada, não fazemos uma análise de riscos nessa situação.
Sempre que o benefício acontece sem prejuízo, o comportamento errado torna-se um hábito automático. Comportamentos de riscos baseados em experiências não estão limitadas a direção em alta velocidade. Eles ocorrem com alta frequência nos mais variados ambientes de trabalho.
Segundo os pesquisadores T. Dell e J. Berkhout a probabilidade de lesões acontecerem é 88% maior em um local de trabalho taxado de seguro quando comparamos com locais considerados perigosos.
Não subestime os riscos
As tarefas que envolvem riscos baixos acabam tendo uma maior taxa de frequência de lesões, pois quando consideramos fácil o trabalho, acabamos por subestimar os riscos.
Isso ocorre ainda pois estamos condicionados a responder determinadas situações baseado nas nossas experiências anteriores.
O dilema
Se as ações que tomamos estiverem associadas a um benefício já concretizado os colaboradores irão confiar nesta experiência, o que pode causar um acidente.
Com o dilema entre lógica e razão, o sucesso das ações sempre será limitado, e é por isso devemos entender as influências que sofremos no ambiente de trabalho.
Comportamento de risco: influências
Por mais que as experiências possam ser o fato principal por trás dos comportamentos de risco, elas também são a chave para superá-los.
Para conseguir influenciar o comportamento é preciso empregar imagens, histórias pessoais, emoções e outras técnicas. Conectar os colaboradores com o problema.
Um exemplo é o setor da aviação comercial, que através de técnicas experimentais conseguiu reduzir em mais de 54% a taxa de acidentes causados por pilotos.
Ao criar métodos que vão envolver os trabalhadores em situações próximas do seu dia a dia, você criará também uma nova experiência que irá ajuda-lo a melhorar e compreender por completo o fator humano em situações de risco.