Por que a OMS diz que o coronavírus pode nunca desaparecer?
Falando em uma conferência online na quarta-feira (13/05), o diretor de emergências da OMS, Mike Ryan, colocou-se contra a tentativa de prever quando o vírus desaparecerá.
Ele acrescentou que, mesmo que seja encontrada uma vacina, o controle do vírus exigirá um "grande esforço".
Quase 300 mil pessoas em todo o mundo já morreram por causa do coronavírus. Mais de 4,3 milhões de casos foram registrados.
A ONU, por sua vez, alertou que a pandemia está causando sofrimento generalizado e problemas de saúde mental, particularmente em países onde há falta de investimento nessa área. O órgão instou que governos incluam considerações sobre saúde mental como parte de sua resposta geral à crise.
Por que o coronavírus pode nunca ir embora?
"É importante deixar claro: esse vírus pode se tornar apenas outro vírus endêmico em nossas comunidades e pode nunca ir embora", disse Ryan, de Genebra, na entrevista coletiva virtual.
"O HIV não desapareceu, mas nós aprendemos a lidar com o vírus."
Ryan disse não acreditar que "alguém possa prever quando essa doença desaparecerá".
Para ele, o mundo tem "uma chance" de eliminar o vírus, mas uma vacina teria que ser disponibilizada, teria que ser altamente efetiva e disponibilizada para todos. "A doença pode tornar-se um problema de longo prazo ou não."
Atualmente, existem mais de cem possíveis vacinas em desenvolvimento — mas Ryan observou que existem outras doenças, como o sarampo, que ainda não foram eliminadas, apesar de haver vacinas para elas.
O diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, enfatizou que ainda é possível controlar o vírus com esforço.
"A trajetória está em nossas mãos, e é assunto de todos, e todos devemos contribuir para acabar com essa pandemia", afirmou.
A epidemiologista da OMS Maria van Kerkhove também disse no briefing: "Precisamos nos acostumar com a ideia de que levará algum tempo para sair dessa pandemia".
Essas colocações vieram num momento em que em que vários países estão gradualmente aliviando quarentenas e reabrindo suas economias.
Tedros, da OMS, alertou que não há maneira garantida de diminuir as restrições sem desencadear uma segunda onda de infecções.
"Muitos países gostariam de deixar de adotar as diferentes medidas", disse o chefe da OMS. "Mas nossa recomendação ainda é que o alerta em qualquer país deve estar no nível mais alto possível."
Ryan acrescentou: "Existem alguns que consideram que os 'lockdowns' são perfeitos ou que aliviá-los seria ótimo. As duas colocações são perigosas".