Menino atingido por raio enquanto cavalgava com égua: físicos explicam como adolescente sobreviveu
Depois de ser atingido por um raio, o estudante Edison Júlio, de 12 anos, sobreviveu e a égua em que ele cavalgava morreu em Montes Claros de Goiás, no oeste do estado. Ao g1, dois físicos levantaram hipóteses do que pode ter salvado o menino, e a principal teoria é a “Tensão de Passo”, que, neste caso, pode indicar que o animal recebeu um choque maior, pelo fato de ter quatro patas, ou seja, quatro pontos diferentes que atraíram a corrente elétrica.
“O menino está sobre o animal e a passagem de corrente da descarga atmosférica sobre ele é muito rápida. O animal sofre mais porque ele vai descarregar [a corrente] em quatro pontos diferentes, nas quatro patas. E isso vai provar a “Tensão de Passo”. Cada ponto desses [as patas] vai ter um potencial elétrico diferente, de acordo com a resistividade do solo”, explicou o professor de física Ítalo Vector.
O acidente aconteceu no dia 20 deste mês e, segundo Flávio Júlio, pai do menino, o filho chegou a desmaiar e teve queimaduras no corpo. O doutor em física e professor da Universidade Federal de Goiás Giovanni Piacente reforçou que a “Tensão de Passo” é uma das hipóteses para o acidente e disse que Edison pode ter sido atingido indiretamente pelo raio.
“Dá para dizer que ele não foi atingido diretamente pelo raio, o raio caiu no chão e o energizou. A corrente passou mais pela égua e o menino foi atingido indiretamente. Para precisar a teoria, tínhamos que ter detalhes do local onde eles estavam e se estavam perto de um ponto mais alto, por exemplo,”, afirmou Giovanni.
Acidentes com raios
O professor Ítalo exemplificou a "Tensão de Passo" com outro acidente comum, que é quando animais bovinos morrem após queda de raios.
“É muito comum a gente ver gado, que a descarga atmosférica não vai no corpo dele, mas ainda assim ele morre queimado. Isso acontece justamente por conta dessa ‘Tensão de Passo’, que dá a diferença de potencial elétrico entre as suas patas. Um dos efeitos da passagem corrente elétrica é o aquecimento [que causa as queimaduras]", afirmou.
Ítalo completou que o tamanho do animal em comparação ao solo e ao menino também pode ter influenciado no desfecho do caso.
“Além de o animal ser maior, ele está em contato com o chão e teve essa descarga amplificada, esses efeitos da passagem de corrente elétrica vão ser um pouco mais intensos nele por conta disso”, pontuou.
Por: Michel Gomes, g1 Goiás