Vinte por cento dos acidentes de trabalho estão relacionados com os olhos, que estão entre as cinco partes do corpo mais afetadas, segundo a Previdência Social. Em muitos casos, as consequências podem causar limitações ou incapacidades temporárias ou permanentes, como a cegueira, por exemplo, devido ao descumprimento das normas segurança.
O Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) estima que, anualmente, são registrados mais de 150 mil casos de acidentes oculares relacionados ao trabalho. O médico oftalmologista Renato Neves explica que são comuns lesões e traumas decorrentes de fagulhas, perfurações por objetos pontiagudos, respingos de produtos químicos e faíscas, entre outros agentes de risco presentes em diferentes ramos de atividade.
Ele reforça a importância do uso de óculos de segurança adequado a cada atividade e de medidas coletivas no ambiente de trabalho, como sistemas de ventilação e iluminação apropriados, para evitar ocorrências que podem ser graves e até irreversíveis.
Casos mais comuns
Entre os trabalhadores mais atingidos estão os profissionais que lidam com instrumentos pontiagudos, diz Roberta Abdulmassih, médica especialista do HCO – Centro Completo em Oftalmologia. “Metalúrgicos, marceneiros, funcionários da construção civil ou da indústria automotiva são os que mais sofrem com estes acidentes. Estilhaços de vidro, lascas de madeira, minúsculas partículas de metal ou plástico, pregos ou qualquer outro material perfurante pode causar sérios danos ao globo ocular”, revela a oftalmologista.
A médica revela que mesmo com a Oftalmologia sendo uma das áreas da medicina que mais avança em conhecimentos e tecnologia, e tendo no Brasil a segunda maior comunidade de especialistas do mundo, ainda assim, muitos acidentes causam cegueira completa. Por isso, são muito importantes a prevenção e o cuidado com a saúde ocular. “A manutenção do bom funcionamento de um dos nossos sentidos mais bem apurados que são nossos olhos, depende dos cuidados que cada um lhe confere no dia-a-dia. A nossa “máquina de ver” é uma perfeita combinação de músculos e lentes que, juntamente com o cérebro, nos permite enxergar o mundo.
Proteção
Nas empresas, é preciso respeitar normas e leis de segurança e usar os equipamentos recomendados como os óculos de proteção, recomenda a médica. Obviamente, esses óculos, bem como os outros Equipamentos de Proteção Individual – EPIs não previnem os acidentes; contudo, são peças-chave para evitar ou ainda amenizar as possíveis lesões, argumenta Roberta Abdulmassih. “Óculos apropriados para cada atividade do trabalhador ainda é a melhor prevenção”, diz.
A empresa deve escolher e fornecer o modelo adequado para seus funcionários. Existem vários modelos e tipos de óculos: os de lente de vidros ou acrílico, haste ou elástico, filtros de proteção contra raios ultravioletas e infravermelhos. “O uso de óculos adequado, atenção e prudência durante as atividades são determinantes para diminuir a chance de um acidente. Porém, é necessário ficar atento e não utilizar acessórios com defeitos, quebrados, com lentes riscadas ou sem proteção lateral. Além disso, a empresa deve fazer uma fiscalização e fornecer uma boa iluminação para as atividades e manutenção adequada de seus equipamentos. Por tudo isso, insistimos no uso deste equipamento que é um dos importantes aliados nessa batalha contra as lesões oculares ocasionadas pelo trabalho”, finaliza.
O que fazer em caso de lesão
A agilidade no atendimento pode ser determinante nas possíveis sequelas para a visão. Todos devem estar preparados para os primeiros-socorros a um colega ou parceiro de trabalho que tenha sofrido um acidente ocular. O trabalhador também deve ter noção da atitude que deve tomar em caso de acidentes com ele próprio para saber orientar quem o esteja ajudando ou se conseguir, ele mesmo, deve agir rapidamente.
A primeira e mais importante medida de socorro é lavar os olhos com água limpa em abundância. A única exceção se faz às perfurações oculares, que devem ser encaminhadas imediatamente ao oftalmologista para os devidos reparos. É importante evitar a compressão do globo ocular até a avaliação da extensão da lesão provocada pelo acidente. Sempre é importante a consulta com um oftalmologista, que possui os equipamentos necessários para um adequado exame do olho.