O trabalho em altura é um dos principais causadores de acidentes profissionais no Brasil. Estima-se que 40% dos acidentes de trabalho no Brasil derivem de quedas. Portanto, é extremamente importante a escolha correta dos equipamentos para trabalho em altura. Porém, quando se trata desta escolha, uma medida muito importante, muitas vezes não é sequer conhecida, o Fator de Queda. O Fator de Queda é uma medida prevista na NR 35 e é fundamental para definir o tipo obrigatório de um equipamento, para determinado trabalho. Muitos de nossos clientes possuem dúvidas quanto a este fator, no momento da compra de equipamentos para trabalho em altura. E isso nos motivou a desenvolver este artigo. Com o objetivo de instruir e orientar os profissionais, quanto a qual EPI escolher, para o trabalho em altura, conforme a medida de fator de queda do trabalho. Confira!
O que é o Fator de Queda
Antes de saber como o Fator de Queda influencia a escolha de um equipamento para trabalho em altura, é preciso compreender o que é esta medida. Conforme definição da NR 35, a norma que regulamenta o trabalho em altura no Brasil, o Fator de Queda é a “razão entre a distância que o trabalhador percorreria na queda e o comprimento do equipamento que irá detê-lo”. Simplificando, em decorrência de uma queda, o Fator de Queda mede qual a relação da altura desta queda sobre o tamanho do talabarte que o trabalhador estiver portando. A fórmula para cálculo do Fator de Queda é bem simples e é dada por:
Portanto, o objetivo deste cálculo é avaliar a força de impacto exercida no corpo do trabalhador pela gravidade, na eventualidade de uma queda no trabalho em altura.
As classificações do Fator de Queda
Fator de Queda menor do que 1
Veja o exemplo abaixo:
Nele, o trabalhador conectou o seu talabarte em um ponto de ancoragem acima de sua cabeça. Portanto, na eventualidade de uma queda, a folga do equipamento será de apenas 30 cm. O Fator de Queda desta situação é de 0,2.
Fator de Queda igual a 1
Veja este segundo exemplo:
Nesta situação, o talabarte foi instalado em um ponto de ancoragem na mesma altura que o cinto de segurança do trabalhador. Na queda, o trabalhador se deslocou 1,3 m para baixo, o mesmo comprimento do talabarte. Por isso, o Fator de Queda é 1.
Fator de Queda maior do que 1
Por fim, veja este terceiro exemplo:
Nesta situação, o talabarte foi conectado em um ponto de ancoragem abaixo do centro de gravidade do trabalhador. Desta forma, conforme os dados do exemplo, o trabalhador se deslocou, na queda, o dobro da extensão de seu talabarte. Por isso, o Fator de Queda é 2. Resumidamente, o ideal é que o fator de queda sempre seja igual ou inferior a 1. Afim de preservar a integridade física do trabalhador no caso de uma queda. Também evita que o equipamento seja exposto a condições mecânicas extremas.
Como o Fator de Queda influencia a compra de equipamentos para trabalho em altura
A análise do Fator de Queda é uma das primeiras que deve ser realizada, ainda na Análise de Risco (AR) inicial, que deve ser realizada antes da execução do trabalho em altura. Esta medida irá influenciar a análise da chamada Zona Livre de Queda. Esta medida avalia a distância livre, entre o ponto de ancoragem, até o ponto de colisão mais provável, na decorrência de uma queda. Em suma, é a distância na qual o trabalhador, durante a queda, poderá se deslocar, sem o risco de colidir com alguma estrutura, material ou mesmo o solo. Pois, quanto maior for o Fator de Queda, maior será a Zona Livre de Queda necessária para a execução do trabalho em altura em segurança. Desta forma, Fator de Queda e Zona Livre de Queda são aspectos intimamente interligados e devem ser avaliados para a segurança do trabalho em altura. Por exemplo, em um trabalho em que o impacto de uma possível queda for o suficiente para acionar o absorvedor de queda, o movimento fará com que o trabalhador desça um pouco mais, se comparado com o comprimento do talabarte, sem o acionamento do absorvedor. Pois, este movimento se dará de tal forma, que o trabalhador poderá colidir com alguma estrutura. Desta forma, não são em todas as situações que o absorvedor de queda no talabarte é obrigatório. Continue a acompanhar este artigo e veja em quais situações há a obrigatoriedade do uso de absorvedores de queda nos talabartes.
O que são os absorvedores de queda?
Os absorvedores de queda, por vezes também chamados de absorvedores de impacto, são dispositivos de segurança adicionais aos talabartes. Na decorrência de uma queda, o talabarte irá ser o ponto de sustentação gravitacional do cinto de segurança do trabalhador, junto ao ponto de ancoragem. Ou seja, será o que irá manter o corpo do trabalhador em segurança, preso à uma estrutura âncora. Por isso, o talabarte irá se comportar quase como um cabo de aço, sendo exposto a uma força mecânica elevada. O que pode comprometer a estabilidade física do material e a integridade física do trabalhador. Dessa forma, o absorvedor de impacto irá atuar como uma espécie de “freio” na queda. Ele ira controlar a distensão do equipamento e reduzir a tensão mecânica no talabarte. Pois, a finalidade do talabarte com absorvedor de energia é reduzir a força de impacto transmitida ao trabalhador. A força deve ser de no máximo de 6 kN, em uma eventual queda. De outra forma, toda a energia mecânica da queda iria se propagar para o corpo do trabalhador e acabaria causando lesões a ele.
Quando os absorvedores de queda são obrigatórios?
Quando se tratam de situações potencias de queda com Fator de Queda maior do que 1, o uso de talabartes com absorvedores de queda é obrigatório. E isso influencia diretamente o tipo de equipamento para trabalho em altura a ser escolhido. Além de situações com Fator de Queda maior do que 1, quando o talabarte a ser utilizado tiver comprimento maior do que 0,9 m, o equipamento também é obrigado a ter o absorvedor de queda. Independentemente do Fator de Queda. A exceção são os casos em que o estudo da Zona Livre de Queda apontar risco, por conta do uso do absorvedores de queda.
Veja a diferença entre um talabarte com absorvedor de queda e outro sem:
- Talabarte com absorvedor de impacto:
- Talabarte sem absorvedor de impacto:
Vale ressaltar que na eventualidade do absorvedor de queda ser tensionado, por conta de um esforço decorrente de uma queda, o talabarte deve ser inutilizado. Pois sua reutilização não é permitida, pois o desgaste mecânico compromete a função de “freio” do absorvedor no talabarte. Nos equipamentos com absorvedores de impacto, haverá uma indicação visual. Ela sinaliza o desgaste do material e a consequente necessidade de inutilização do mesmo. Os talabartes com absorvedores de queda são mais caros do que aqueles que não possuem tal segurança adicional. Porém, promovem uma segurança a mais para a vida do trabalhador. São equipamentos fundamentais para a execução eficaz e segura do trabalho em altura.