Toda atividade laboral do setor industrial, requer o envolvimento do ser humano de forma central na operação, monitoramento e acionamento de equipamentos, desenvolvimento de cronogramas, planejamento de paradas programadas para manutenção de plantas industriais e confecção de procedimentos e distribuição de turnos de trabalho, onde existe possibilidade da ocorrência de falhas.
As falhas, que podem variar em grau de severidade, de insignificante à catastrófica, ocorrem em sua grande maioria por desconsiderarem a variabilidade das habilidades humanas e/ou pela falta de planejamento da atividade de trabalho. Estas falhas podem ocorrer durante o planejamento, projeto, fabricação, pesquisa, desenvolvimento de tecnologias, elaboração de métodos de trabalho, criação de políticas corporativas e procedimentos, o que implica na tomada de decisões durante o processo produtivo.
O conceito de erro humano não deve ter conotação de culpa e punição, devendo ser tratado como consequência natural, que ocorre devido a não adequação entre a capacidade humana e a demanda do sistema. Para alcançar a segurança na operação de um processo é necessário identificar os fatores que influenciam o desempenho humano (FADs), antecipar e controlar os impactos potencialmente adversos ao homem. Situações de trabalho adequadamente projetadas, compatíveis com as necessidades, capacidades e limitações humanas, que levam em consideração os diferentes FADs, podem criar condições que aperfeiçoem o desempenho do trabalhador e minimizem os erros humanos. A abordagem centrada na situação de trabalho fornece os recursos necessários para identificar e eliminar situações de erro provável, possibilitando que os FADs sejam considerados e reduzindo a frequência de erros humanos.
A estrutura de uma empresa, instituição ou organização é formada por um grupo de indivíduos que possui objetivos comuns e desenvolve meios (processos) para que os mesmos sejam atingidos. O grupo é formado por lideranças e trabalhadores que procuram de modo eficiente aplicar recursos no desenvolvimento de projetos, construções, operações e manutenções com segurança. Neste contexto, o desempenho humano em determinada atividade pode ser diretamente influenciado pelas políticas e medidas adotadas internamente. Com o desenvolvimento de novos métodos de trabalho, decorrente do emprego de tecnologias, houve uma mudança no cenário laboral, em produtividade ou na busca para realização de atividades seguras, objetivando a preservação da integridade física do homem e meio ambiente.
Os trabalhadores estão envolvidos não tão somente na operação, monitoração e acionamento de equipamentos, mas também na construção e manutenção de sistemas. A defesa em profundidade é obtida de forma sistemática e redundante através de barreiras físicas, humanas e organizacionais, envolvendo a organização do trabalho e as instalações físicas da empresa, empregando as seguintes funções:
- Consciência e compreensão dos riscos e perigos. Exemplos: reuniões, avaliação de risco, procedimentos, práticas de comunicação;
- Detectar e alertar sobre situações de não normalidade ou perigo iminente.
Exemplos: alarmes e anunciadores, operadores no campo, verificação simultânea, supervisão e metodologias de tomadas de decisão e resolução de problemas;
- Proteger as pessoas e o meio ambiente. Exemplos: equipamentos de proteção individual, sistema de monitoramento de radiação, sistemas de intertravamento, supervisão;
- Restaurar condição de normalidade e estado seguro da planta: sistema automático e manual de desligamento de sistemas, verificação independente;
- Conter a liberação de substâncias nocivas. Exemplos: sistemas de contenção, reservatórios, tanques e válvulas;
- Evacuação, fuga, distanciamento do perigo: planos de emergência e evacuação, portas corta fogo, iluminação de emergência.
Toda organização que produz, constrói, transforma, manipula, utiliza, descarta ou armazena, uma ou várias substâncias classificadas como perigosas, de uma maneira permanente ou transitória, deve definir como um dos objetivos de sua gestão a redução de acidentes que ameaçam o ambiente, segurança e a saúde dos trabalhadores e comunidades do entorno. Desta forma, um banco de dados de falhas humanas, considerando fatores sócio-organizacionais, pode contribuir com melhorias e adequações na gestão de segurança e saúde do trabalho, bem como na análise de risco do empreendimento.
O desenvolvimento de ferramenta computacional, banco de dados, se torna importante, uma vez que é possível armazenar, comparar, resgatar e analisar informações coletadas ao longo de determinado período e local de atividade, para o entendimento e busca de falhas humanas, ou seja, identificar, analisar e eliminar conjunto de fatores que acarretam nas mesmas.
A investigação de acontecimentos relacionados à falhas humanas pode ser extremamente difícil e demandar muito tempo, entretanto, pode gerar contribuições para melhoria da segurança. A minucia da investigação e obtenção de dados relacionados a um evento se faz necessária para determinação das causas e para a proposta de ações corretivas e preventivas com intuito de evitar reincidências.
Por: Diogo da Silva Costa