A demolição por implosão é uma solução de engenharia indicada para o desmonte de estruturas de médio e grande porte com uso de explosivos de forma controlada. A técnica prevê a implosão de pontos específicos da estrutura, fazendo com que ela entre em colapso generalizado.
Entre as vantagens associadas a essa técnica destacam-se a agilidade e o custo mais baixo, em comparação com a demolição mecânica. Em função de sua alta capacidade de destruição, a implosão é bastante empregada em situações que demandam velocidade, em edifícios, fábricas, obras de contenção e barragens, pontes e viadutos. Ela também é recomendada em construções que estão na eminência do colapso, quando não é possível manter trabalhadores em segurança para fazer uma demolição convencional.
Implosão Segura
Realizada por empresas especializadas, a demolição com explosivos requer uma avaliação de riscos cuidadosa. A projeção de materiais, a vibração do terreno e a geração de ruídos e gases prejudiciais à saúde são alguns efeitos colaterais da implosão.
De acordo com o engenheiro Mauricio Luiz Minarini, especializado em projetos de demolição, o serviço requer, antes de tudo, um estudo cuidadoso, que detalhe os materiais empregados (explosivos, cordel, detonadores, retardos) e a segurança do entorno (proteção contra projeção de detritos, isolamento da área, aviso sonoro de início do fogo etc.). “O projeto também deve apresentar todas as linhas de fogo, traçando os pontos onde deverão ser inseridas as cargas de explosivos”, explica Minarini.
“Em uma implosão precisamos definir previamente quais pilares precisam ser detonados, a carga de explosivos a utilizar e o tempo de detonação. Também temos de saber em quais pontos realizaremos o enfraquecimento da estrutura, com o objetivo de utilizar o mínimo possível de explosivos”, acrescenta o engenheiro Fábio Bruno Pinto, diretor operacional da Fábio Bruno Construções.
Um procedimento adicional para incrementar a segurança das implosões é a simulação computadorizada, que permite, entre outras coisas, verificar se a vibração gerada pela queda da estrutura provocará danos aos prédios vizinhos.
Diferentes Explosivos
Para implodir uma estrutura normalmente são utilizados explosivos gelatinosos e temporizadores não elétricos. Também podem ser empregadas espoletas eletrônicas quando se deseja minimizar a vibração e a pressão acústica.
Os explosivos diferem entre si principalmente com relação à velocidade e potência da implosão que proporcionam. Tanto é que, para destruir um pilar de ferro, a opção geralmente recai sobre o explosivo de carga moldada. Já para demolir um pilar de concreto, recorre-se a bananas de dinamite.
Cuidados na Contratação
Para se contratar este tipo de serviço, uma recomendação é avaliar a fundo serviços similares anteriormente realizados. A dica é procurar saber quantas implosões a empresa e o corpo técnico já realizaram anteriormente, avaliando o resultado obtido nessas oportunidades. “É fundamental que a empresa possua um técnico bláster (especializado no uso de explosivos), que será o responsável pela elaboração do plano de fogo”, sugere Maurício Minarini. Ele lembra que o controle, o estoque, o transporte e a aplicação dos explosivos devem ser detalhados antecipadamente, e a liberação para o serviço é de competência do Ministério da Defesa (Exército Brasileiro).
Dentro do canteiro, a contratante é responsável solidária pelos funcionários da demolidora, portanto deve fiscalizar sua atuação. Vale checar se a empresa está regularizada junto aos organismos de classe, como o Crea (Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia). O registro da demolidora pode ajudar a evitar problemas relativos à segurança e ao cumprimento de normas.
O trabalho na fase de demolição é considerado “especial” por conter uma gama de riscos específicos. O problema é que na maioria das vezes a demolição é feita de forma aleatória e sem planejamento algum.
Cuidados Prévios
Não há norma brasileira específica para implosões. Contudo, o órgão contratante pode incluir no edital a NBR 9653, que define parâmetros para avaliar os efeitos do uso de explosivos para desmonte de rocha em áreas urbanas. A NBR 9653 estabelece que a velocidade máxima de partícula, que é a grandeza associada a danos causados em estruturas por detonações, deve ser de 15 mm/s. Esta norma contempla a preservação das casas existentes no entorno de pedreiras, normalmente situadas em regiões pobres, feitas sem fundação e com material de má qualidade. "Nas implosões, as estruturas que circundam o prédio a ser implodido são de qualidade construtiva muito superior. Mas, desde 1990, adotamos a norma como parâmetro conservador, embora obtenhamos nas implosões valores muito inferiores a 15 mm/s, garantindo a segurança das estruturas”.
A maioria dos órgãos contratantes de implosões não exige, no edital, o cumprimento da NBR 9653. Na opinião de Dias, isso se deve ao desconhecimento e ao fato de a norma não se referir especificamente à demolição de edificações. O especialista recomenda que, ainda que a norma não seja adotada, o contratante estabeleça um limite máximo de velocidade de partícula. "É desejável também consultar o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) ou a Universidade de São Paulo (USP), contratando- os como fiscalizadores", aconselha. Outras universidades, Brasil afora, também são capazes de fazer o monitoramento.