Gases são compostos moleculares que possuem características tais como, grande compressibilidade e capacidade de expansão. Estes compostos não possuem volume fixo e são miscíveis entre si, em qualquer proporção. Alguns deles podem estar presentes em espaços confinados, potencializando o risco de acidentes graves. É importante conhecer as características dos gases, a consequência da exposição, e quais medidas de proteção devem ser adotadas para prevenir os danos a eles associados.
A presença de gases é o maior risco para a segurança do trabalhador em ambientes fechados. E para garantir que os colaboradores possam desempenhar seu trabalho dentro desses locais, deve-se conhecer os riscos que eles poderão correr. No caso dos gases, é necessário saber quais tipos de gases oferecem quais riscos dentro do espaço confinado.
Quais os riscos classificados?
Podemos classificar os gases que podem estar presentes em espaços confinados em três diferentes grupos. Esses grupos nós chamamos de T. I. A dos gases: Gases Tóxicos, Gases Inflamáveis e Gases Asfixiantes Simples, todos são gases perigosos. Para cada classificação existe um procedimento diferente de segurança. Portanto a empresa deve estar bem atenta para qual dos tipos irá enfrentar. É importante saber que os gases podem estar classificados em mais de uma categoria, porém deve se considerar previamente o primeiro risco, isto é, a situação na qual o gás será o perigo mais iminente à vida humana.
Gases Tóxicos
Os gases tóxicos são aqueles que em pequenas quantidades fazem mal ao ser humano. Esse tipo de gases perigosos, podem estar presentes no espaço, porém em quantidades muito pequenas (para se ter uma ideia, a medida utilizada é PPM, ou seja, partes por milhão), tendo que estar abaixo do chamado Limite de Tolerância. É possível consultar o LT de um gás dentro da NR15, anexo 11. Lá existe uma tabela com as informações sobre a composição e limite de exposição de cada gás. Monóxido de carbono e gás sulfídrico são alguns dos gases tóxicos mais comuns em ambientes confinados.
Gases Inflamáveis
Os gases inflamáveis são àqueles que quando atingem a mistura ideal entre oxigênio, gás e temperatura de ignição, entram em combustão. Nesse contexto, existem vários fatores a serem considerados, como Limite Inferior de inflamabilidade do gás, ponto de fulgor, ponto de ignição, etc. Cada gás tem suas características próprias, como por exemplo:
Metano CH4
Limite Inferior de Inflamabilidade: 5,0 % em volume
Temperatura de ignição: 540,4 °C
Asfixiantes Simples
Asfixiantes Simples são aqueles que em pequenas quantidades não reagem no organismo, mas ao ganhar volume deslocam o ar, causando a asfixia, ou seja, o nível da presença deles no espaço, é que os determina se são gases perigosos à vida humana ou não. Os gases mais comuns por essa reação são o Nitrogênio (N2) e Argônio (Ar).
Quanto maior a concentração destes gases no ambiente, menor a concentração de oxigênio. Reduzindo-se a concentração do oxigênio a níveis abaixo de 18% em volume, a consequência é a asfixia.
Em baixas concentrações os asfixiantes simples não são perigosos, desde que não sejam inflamáveis nem tóxicos.
Como exemplo de asfixiante simples, podemos citar o metano que pode estar presente em espaços confinados. Os principais riscos do metano são a redução da concentração de oxigênio no ambiente, e ser um gás extremamente inflamável. Assim, qualquer faísca pode causar um incêndio ou uma explosão. A exposição ao metano pode causar sonolência, perda de consciência, e expor o trabalhador aos riscos anteriormente descritos.
Como sua densidade é menor do que a do ar, o metano tende a concentrar-se em níveis superiores do ambiente.
Asfixiantes Químicos
São substâncias tóxicas que agem no organismo, reduzindo a capacidade de absorção do oxigênio que respiramos. Ao invadirem o ambiente, também deslocam o oxigênio e outros gases, reduzindo a concentração deles no ar. Mas essa não é a principal característica de atuação, e sim a sua toxicidade, que interfere no transporte do oxigênio para os diversos órgãos e tecidos do corpo.
Entre os diversos asfixiantes químicos que podem estar presentes em espaço confinado, destacamos o monóxido de carbono (CO) e o sulfeto de hidrogênio (H2S).
Monóxido de Carbono
O monóxido de carbono apresenta alta toxicidade podendo levar à morte em concentrações de 1% em volume ou menos.
É obtido pela queima incompleta de qualquer material que possua carbono em sua composição: gasolina, madeira, gás natural, carvão e diversas substâncias comuns em nosso dia a dia.
Como é um gás incolor, inodoro, insípido, não irritante e altamente tóxico, é conhecido como "assassino silencioso" e dificilmente é detectado sem medições ambientais.
Sua densidade é próxima à densidade do ar (0,9676). Assim, distribui-se uniformemente no ambiente e, por ser inodoro, somente pode ser detectado por equipamentos detectores.
Sulfeto de Hidrogênio
O sulfeto de hidrogênio possui alta densidade (1,189) acumula-se nas partes baixas do ambiente. Apresenta ação rápida e violenta, o que impede a entrada para resgate sem que se esteja devidamente equipado.
O sulfeto de hidrogênio pode causar a morte em poucos segundos. Como possui forte odor de ovos podres, poderia ser identificado pelo olfato. Mas não se pode contar com isso pois apresenta alta toxicidade e, portanto, não deve ser inalado. Também, quando em concentrações mais elevadas, o organismo perde a capacidade olfativa o que impossibilita detectar sua presença antes que seja tarde demais.
Em pequenas concentrações causa irritação aos olhos, nariz, garganta e sistema respiratório: sensação de queimação nos olhos e lacrimação, tosse e falta de ar.
A exposição prolongada a baixas concentrações pode causar inflamações nos olhos, dores de cabeça, fadiga, irritabilidade, insônia, distúrbios no sistema digestivo e perda de peso.
Concentrações maiores ou iguais a 100 ppm de Sulfeto de Hidrogênio são consideradas pela OSHA como Imediatamente Perigosa à Vida ou à Saúde (IPVS).
Segurança
A medida primordial de segurança em questão de todos os casos é a detecção de gases. Saber quais os gases estão presentes no espaço confinado onde sua empresa realiza as atividades. Contar com um especialista na hora de montar um sistema de detecção de gás faz a diferença.