A Atuação Sistêmica do Profissional de Enfermagem do Trabalho nas Organizações
Editor: Sandro Azevedo
Postagem: 2018-12-30T11:29:27-03:00
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A atuação do técnico de enfermagem e do enfermeiro graduado na área de medicina do trabalho ganha mais destaque e demonstra ter mais importância a cada ano. Isso porque a busca constante pelo bem-estar e por boas condições de saúde tem sido preocupação tanto dos trabalhadores quanto dos empregadores, que estão se conscientizando sobre o assunto. Continue lendo este texto e veja como o papel do enfermeiro, suas atribuições no planejamento, orientação e execução de atividades na área afetam positivamente uma dada comunidade.

Quem é o técnico em enfermagem do trabalho?

É o técnico em enfermagem que atua em órgãos oficiais, empresas privadas e públicas, realizando serviços especializados em medicina do trabalho e engenharia de segurança, participando junto ao enfermeiro, como equipe, no planejamento, programação, orientação e na realização das suas atividades nos três níveis de prevenção, junto à equipe de saúde do trabalhador.

Qual o papel do técnico em enfermagem na medicina do trabalho?

Este profissional atua ao lado do enfermeiro para elaborar projetos e aplicar análises de prevenção de doenças relacionadas ao trabalho, inclusive com estratégias de controle e, caso necessário, sugerir mudanças para identificar riscos que possam ocasionar as doenças ocupacionais, além de colaborar na elaboração e execução de projetos investigativos sobre a saúde dos trabalhadores.

Quem é o enfermeiro do trabalho?

É o enfermeiro com graduação e curso de especialização em Enfermagem do Trabalho. Ele é membro e lidera uma equipe de enfermagem do trabalho, prestando serviço ao paciente em setores de trabalho, em ambulatórios e em domicílio, exercendo atividades relacionadas à higiene, medicina e segurança do trabalho, além de integrar equipes de estudos e treinar os trabalhadores quanto ao uso de equipamentos de segurança essenciais para a sua função.

Quais as atividades da equipe de enfermagem na medicina do trabalho?

- Planejar ações de enfermagem, diagnosticar situações, descobrir necessidades e problemas, determinar prioridades e também avaliar os resultados;

- Atender às necessidades do paciente, realizar procedimentos mais complexos, solicitar exames, conforme protocolo preexistente, analisar condições de higiene da instituição, estudar a assistência prestada por toda a equipe de enfermagem;

- Gerenciar ações de promoção da saúde, definir estratégias para determinadas situações e participar de trabalhos de equipes de saúde multidisciplinares, além de padronizar normas e procedimentos de enfermagem, acompanhar todo o processo de trabalho, elaborar laudos e relatórios técnicos em sua especialidade;

- Orientar sua equipe quanto ao uso e importância dos Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s);

- Participar de projetos, eventos, cursos, convênios, comissões e programas de pesquisa, ensino e extensão, planejar campanhas de incentivo à saúde como diabetes, hipertensão, vacinação, alcoolismo, tabagismo (fumo), primeiros socorros e obesidade. Muitas vezes atuam ao lado de outros profissionais da saúde;

- Realizar desinfecção e esterilização de equipamentos, utilizando medidas de biossegurança;

- Realizar consulta de enfermagem em trabalhadores e atentar-se na anamnese, minimizando as licenças por parte dos funcionários de determinada empresa;

- Descobrir as necessidades de enfermagem do trabalho com ajuda de planos estratégicos de assistência que serão prestados por toda a equipe visando proteção, preservação, recuperação e reabilitação da saúde do funcionário, como, por exemplo: fazer levantamentos de doenças ocupacionais (do trabalho) objetivando a diminuição das suas ocorrências;

- Fazer testes de acuidade visual (capacidade de perceber o contorno e a forma dos objetos.), curativos e medicações segundo prescrição de um médico;

- Sistematizar a assistência de enfermagem a favor da defesa do trabalhador e dos responsáveis pela empresa, seja ela privada ou pública, visitando os locais de trabalho e colaborando para identificar necessidades como higiene, segurança e melhoria do trabalho de acordo com o setor;

- Avaliar e supervisionar os serviços de assistência de enfermagem aos trabalhadores, analisando medicamentos, insumos e materiais quando recebidos como resposta a uma solicitação, assim como controlar o estoque.

- Planejar e desenvolver eventos e palestras sobre saúde e riscos ocupacionais, segundo a realidade do local de trabalho, além de promover capacitação e treinamento com membros da CIPA com relação às DST’s, aos primeiros socorros, às NR’s, entre outros;

- Estar em constante atualização em relação às inovações tecnológicas e científicas em sua área de atuação e das necessidades do setor;

- Desenvolver informes internos com temas sobre a atualidade no setor da saúde, podendo ser expostos em cartazes, murais, redes sociais e outras formas de divulgação;

- Criar as ações sociais, inovação na área do lazer, desenvolver o lúdico, sempre em benefício do bem estar dos funcionários da empresa;

Introduzir e avaliar os projetos feitos com a equipe multidisciplinar — PPRA, PGRSSS, PCMSO —, sendo:

– Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA): os riscos ambientais são os agentes químicos, físicos e biológicos que existem nos ambientes de trabalho e que pode produzir danos para a saúde dos trabalhadores.

– Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO): pretende prevenir, controlar e monitorar prováveis danos à saúde e detectar riscos prévios, principalmente no que diz respeito às doenças associadas ao trabalho, além da integridade do empregado.

– PGRSS: conjunto de procedimentos administrativos para o correto gerenciamento dos resíduos produzidos no estabelecimento, abrangendo todos os passos de planejamento dos recursos materiais, físicos e da classificação dos recursos humanos incluídos no manejo dos Resíduos de Serviços de Saúde (RSS).

– O PCMSO deve abranger a efetuação obrigatória dos seguintes exames médicos: admissional (avaliação clínica, incluindo exame físico e mental e anamnese ocupacional); periódico (exames complementares, efetuados segundo os termos específicos em determinada Norma Regulatória); de mudança de função; de retorno ao trabalho; e demissional.

Armazenar os prontuários eletrônicos dos trabalhadores seguros e acessíveis para a equipe dos profissionais. Já os registros em papel devem ficar guardados de 20 a 30 anos de acordo com a NR 7.

Por tudo o que foi visto acima, conclui-se facilmente que a equipe de enfermagem do trabalho se dedica a estudar para realizar procedimentos de enfermagem prestando assistência aos trabalhadores de diversas áreas. Ele é o responsável por prescrever ações e aplicar medidas de precaução para proteger os funcionários dos riscos demonstrados pela biossegurança, que é o conjunto de medidas e normas visando a proteção dos profissionais de saúde e da população.

Uma relação amistosa do profissional de Enfermagem do Trabalho com os demais trabalhadores da instituição ajudará no desenvolvimento das suas atividades. Assim, os primeiros resultados são notados e com sua prática profissional pautada nos princípios legais e éticos, o profissional alcançará muito sucesso dentro da empresa em que atuar.

Para o atendimento direto dos funcionários, os ambulatórios e enfermarias de empresas   geralmente contam com enfermeiros e técnicos de enfermagem, ambos com especialização em medicina do trabalho e, em alguns casos, também com médicos do trabalho. De uma forma geral, são realizados atendimentos assistenciais e de primeiros socorros, como medição de temperatura e de pressão arterial e a realização  de curativos e cuidados com ferimentos.

Apesar deste trabalho ser de extrema importância para um restabelecimento mais rápido da saúde do funcionário, a atuação dos profissionais de enfermagem do trabalho pode e deve ir além. O objetivo é agir de forma preventiva, não sendo apenas um centro de atendimentos de doenças. A equipe de enfermagem do trabalho pode se dedicar também a planejar e efetivar ações de precaução para proteger os funcionários de riscos inerentes à atividade exercida, além de estabelecer medidas que visem, de uma forma ampla, à  proteção dos trabalhadores da empresa.

Com boas políticas de saúde ocupacional é possível chegar a um ambiente de trabalho saudável e ajudar a prevenir uma série de doenças e acidentes laborais. Um investimento importante, visto que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMC), a longo prazo, as empresas que promovem e protegem a saúde dos trabalhadores estão entre as mais bem-sucedidas e competitivas, e também desfrutam de melhores taxas de retenção de funcionários (veja mais sobre ambientes de trabalho saudáveis neste estudo publicado pela entidade).

Mas há uma questão que por vezes atrapalha a correta implementação destes programas preventivos e de proteção ao trabalhador – a vontade do próprio empregador. Apesar de uma grande parte das organizações brasileiras dar atenção à saúde e segurança dos trabalhadores – dados do Serviço Social da Indústria (SESI) aponta que 71,6% das indústrias valoriza programas de saúde -, ainda há organizações que não estão dispostas a oferecer um ambiente mais saudável aos seus funcionários, deixando a saúde ocupacional em segundo plano. Dessa forma, a possibilidade de pensar de forma estratégica e preventiva na promoção da saúde do trabalhador acaba sendo um dos principais desafios da área de enfermagem do trabalho, que fica restrita a atuar de forma reativa, tentando reverter ou ao menos amenizar patologias que já estão em estágios mais avançados.

Estrutura reduzida dificulta o atendimento

Além disso, outro fator que dificulta o trabalho da equipe de enfermagem do trabalho é a falta de infraestrutura nos postos internos de atendimento. Por não ter prioridade nos investimentos de muitas empresas, o setor de saúde não consegue prestar um atendimento adequado. Falta de espaço, de equipamentos, de insumos e de equipe especializada acabam por afetar a qualidade do serviço. Podemos destacar algumas das atribuições de técnicos e de enfermeiros do trabalho prejudicadas pela pouca estrutura oferecida:

- Realizar procedimentos simples e rotineiros como curativos e medicações segundo a prescrição médica, e outros mais complexos, como testes de audição e de acuidade visual;

- Realizar desinfecção e esterilização de equipamentos, seguindo medidas de biossegurança;

- Realizar consulta de enfermagem com foco em anamnese (memória), minimizando as licenças;

- Participar de trabalhos das equipes de saúde multidisciplinares como eventos e palestras sobre saúde e riscos ocupacionais;

- Planejar e divulgar campanhas de incentivo à saúde como diabetes, hipertensão, vacinação, alcoolismo, tabagismo (fumo), DST’s e primeiros socorros e obesidade.

Para atender a todas essas demandas, o setor de enfermagem do trabalho precisa estar bem estabelecido e equipado. Além do atendimento emergencial, a área pode ajudar no planejamento estratégico e na integração dos programas de saúde. Quando não implantados em conjunto compartilhando informações, tendem a ser ineficazes, conforme mostra o estudo do Instituto Hero (Health Enhancement Research Organization). Por fim, é  uma área que tem muito a contribuir neste processo de promoção da saúde do trabalhador.